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domingo, 30 de novembro de 2008

Valores de Herói (parte 12)

Capítulo 10 – O Som que Precede a Guerra

Todos se levantaram, o Sábio-Mestre chama os Relâmpagos para uma sala menor perto do salão de reunião, logo ao entrar eles se deparam com Janus sentado na cabeceira da mesa, com um mapa aberto e vários outros papéis a sua volta. Os Relâmpagos começam a tomar as suas posições dentro da sala, à organização d’Relâmpagos deixou o Sábio-Mestre espantado, tudo aquilo parecia programado, todos eles já sabiam o que deveria ser feito.
O modo como se portam, a seriedade e a conexão entre ele é algo formidável aos olhos de Trentin, ao mesmo tempo que Aaron estava analisando os mapas, Vengard está pesquisando a disponibilidade de soldados e fazendo as devidas anotações, Lady Helena fazia uma lista do armamento necessário e todo tipo de recursos para a possível guerra e Sir. Bretran esquadrinhava a cidade com a supervisão de Janus acaso algo acontecesse, tentando proteger o povo e criar uma barreira.

Mesmo com toda a sua sabedoria e vivencia Trentin se via perdido no meio do d’Relâmpagos e de seu tutor, que lhe chama a atenção: - Trentin, creio que se a guerra contra Fastrionur o Dragão Negro acontecer e os nossos amigos não chegarem a tempo precisaremos da sua ajuda, a sua diplomacia pode fazer com que ganhemos tempo e alguns recursos para a guerra.

- Pode contar com a minha ajuda Sir. Janus, farei o que estiver ao meu alcance – Diz Trentin enquanto tenta entender tudo aquilo que esta acontecendo dentro da sala.

- Pois vamos precisar muito da sua influência Trentin, não sei até onde o Regente vai aceitar as nossas decisões, e em uma guerra o mínimo detalhe faz diferença e pode decidir a vitória ou a derrota. – explica o velho Relâmpago.

- Vou usar todo o meu conhecimento sobre retórica e diplomático para convencer o regente e todos os que precisarem, não podemos perder essa guerra.

- É muito bom ouvir isso de você Trentin, não sabemos o que Fastrionur esta tramando para tomar a cidade, mas seja lá o que seja ele não vai vir despreparado, e temos que nos preparar para o pior. – Afirma Aaron enquanto analisa os mapas da cidade.

Todos ficaram na sala até o fim do entardecer, decidindo o que poderia ser feito e fazendo as devidas anotações para o mais rápido possível começar os preparativos para a guerra.
Quando eles saíram se depararam com o Regente Adrian Brightstar, que parecia esperar o termino da reunião deles, e com uma voz autoritária perguntou: - Por que eu não fui convidado para essa reunião, pelo que sei o destino da minha cidade está em jogo, e quero tomar parte de todas as decisões, e espero ficar a parte de todos os acontecimentos futuros que envolvam a minha cidade e o meu povo.

- Nós vamos nos retirar, todos estão muito cansados, mas tenho certeza que o Sábio-Mestre Trentin pode explicar tudo para você, e caso ele não consiga explicar algo pode me procurar em meus aposentos. – Diz Janus enquanto anda em direção a saída do castelo.

- Como ousa falar comigo dessa maneira velho Relâmpago, não sou nenhum servente seu, sou o Regente de Vontermont e quero uma explicação sua agora. – O Regente não estava acostumado a ser afrontado e por isso se sentiu perdendo o controle da situação, e acabou se exaltando e ao falar tal palavra se fez o silêncio tomou conta do corredor.

- Me desculpe, não foi a minha intenção destratar a sua autoridade senhor Regente. – Ajoelha Janus. Todos os outros Relâmpagos se ajoelham logo após Janus, como forma de mostrar respeito, e Vengard toma palavra.

- O que o nosso tutor quis dizer Lord Adrian, é que estamos todos muito esgotados e o Sábio-Mestre Tretin estava conosco e ele poderia explicar todo a nossa reunião, mas como líder dos Relâmpagos eu posso deixar tudo mais claro para o senhor. – Diz Vengard com a devida autoridade que ele tinha em poder.

- Pois bem Relâmpago, então espero explicações de sua pessoa, mas quero que descanse e depois de uma hora me encontre no salão real.

- Sim senhor, que a sua vontade seja feita. Eu e meus companheiros iremos nos retirar agora se o senhor permite. Pergunta o Líder d’Relâmpagos

- Podem ir. Ficarei aguardando. – Então o Regente Adrian fica olhando os Relâmpagos se retirarem para os seus aposentos com um olhar desconfiado.

Pouco tempo se passa desde que o grupo tinha ido se repousar, mas esse tempo parece não ter surtido efeito sobre os seus corpos cansados pela viajem e pela estafa mental após horas e horas de conversas sobre o que seria a melhor forma de proteger Vontermont.
Mesmo assim Janus se dirige ao salão real para encontrar o regente e assim explicar todos os acontecimentos que o grupo decidira para a proteção da cidade.
Janus começa a caminhar pelos longos corredores e a cada passo que dá se lembra das velhas histórias das grandes guerras do passado e fica pensando consigo o quão importante é ganhar essa, parece que um grande peso está sobre ele, a vida de milhões de pessoas estão em risco, e Vontermont é a única coisa que separa Faustrion de tomar o resto das terras humanas.
Quando percebe Janus já está na frente da porta que o separa do regente e das milhões de respostas que ele vai ter de dar, mas mesmo assim ele não hesita, o guardas abrem a porta e ele vê o regente Adrian sentado em uma mesa com um mapa, ele se dirige até o regente e o saúda.

- Meu senhor vim lhe dar as devidas explicações do plano. – Janus faz uma reverencia cordial e se posiciona perto do regente.

- E assim espero Velho Relâmpago, e espero que não ache que estou abusando do poder, eu só me preocupo com a minha cidade como qualquer outro regente.

- Sim meu senhor, eu sei disso... – Tais palavras tinham um novo sentido para o velho Relâmpago, a posição do regente naquela sala era outra da que havia visto antes, ele estava calmo e não estava utilizando do seu poder como regente para conseguir o que queria, primeiramente queria dar-lhe uma explicação o porquê da exaltação de antes.

Logo após ambos conversarem sobre o ocorrido anterior e os desentendimentos, o Líder D’Relâmpagos começa a explicar e mostrando pelo mapa o que eles junto do seu grupo haviam decidido que seria a melhor forma de defender a cidade, também mostrou os pontos fortes e pontos fracos e o que deveria ser mudado para poder ter sucesso na possível guerra.

Muito foi falado dentro do salão, mas nada o que eles haviam dito iria os prepara para o que estava por vir. Logo após o fim das explicações do plano para defender a cidade um grunhido chega até o salão, grunhido esse que chegou ao salão chamando a atenção não só do regente e do líder D’Relâmpagos como de todos os do castelo. O som era alto e disforme, não parecia ser um só criatura e sim de muitas.

- Me senhor parece que a guerra já chegou até nós, e o que os separa da vitória são os portos de Vontermont.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Valores de Herói (parte 11)


Capítulo 9 - Guerra em frente 

Longe de todo o tumulto nas proximidades de Turin, o grupo guiado por Sir Janus chega aos portões da Grandiosa capital do Tratado: Vontermont sede do antigo Palácio Real e da família real, hoje morada do Regente Adrian Brightstar.


Não houve nenhum empecilho durante a viagem da Brigada do Raio, eles guiaram e escoltaram a comitiva do conselho de Brindembur sem nenhum problema, chegando rapidamente aos portões de acço e madeira da muralha externa de Vontermont. A cidade ficava entre as Cordilheiras Gargântua a maior formação rochosa entre os reinos e a barreira natural que detinha os ventos incólumes das estepes do Norte. Ela ficava situada à boca da Garganta de Urgrim o caminho mais tranqüilo até o outro lado das montanhas. E ali, na frente dos portões principais eles pararam.


- Sentinela! Queremos passagem, somos a comitiva do Conselho de Brindembur, estamos nos apresentando assim como foi ordenando por Vossa Majestade o Regente Adrian Brightstar, conosco estão a Ordem Máxima de Cavalaria de Brindembur; Os Sete Relâmpagos! - proclamou Sir Janus


O sentinela ao ver o estandarte da ordem e do conselho deu as ordens aos guardas para abrirem o portão. - perdoe-nos mestre pelo incomodo, mas os portões andam fechados desde

a tomada de Kandahar, um guarda já foi enviado para informar a chegada de sua comitiva, e um de nossos guias os levarão até o Palacio. - diz o jovem sentinela.


- Não se preocupe jovem, conheço muito bem a cidade, agradeço o serviço mas é desnecessário. - salienta Sir Janus enquanto adentra a cidade.


A cidade estava abarrotada de vida, e guerra. Cavalos com armaduras, lanças, espadas, arcos e armas de cerco por toda a parte, soldados numa profusão de uniformes e cores desfilavam para todos os lados, meio desordenados e confusos a cidade parecia um enorme quartel, e alguns de seus Generais acabavam de chegar!


- Iremos direto para o Palácio, Sir Janus? - perguntada Sir Vengard enquanto olha os cavalariços.


- Sim iremos, lá nos estalaremos e depois de um almoço e banho iremos junto com o conselho dar as honras ao Regente - responde o Tutor.


Os cavaleiros se olharam e rumaram em direção ao castelo. Mesmo entre tantos estandartes e agrupamentos militares, Os Relâmpagos foram notados, e logo um burburinho e olhares de respeito e fascínio foram voltados a eles. A ordem de elite estava na cidade e o povo amontoava para os verem. Altivos eles passaram pelas ruas e avenidas da cidade, sempre seguidos por admiradores, retos e polidos como grandes cavaleiros.


De frente para a muralha interna, está que separava a cidade baixa da área nobre e Palácio Real, a ultima resistência antes de se conseguir tomar a cidade, os guardas já os esperavam e abriram os portôes assim que viram o estandarte da ordem. Entraram com os cavalos em marcha e foram direto ao palácio, onde deixaram os corceis e as carroças a serviço dos empregados, foram guiados por mais um servo até uma das muitas mansões que circundavam o palácio, lá ficariam hospedados e tudo já estava pronto para eles.


- Senhores, foi uma viagem muito prazerosa com os senhores, mas irei me retira para me preparar. - falava o Sábio-Mestre com expressão de cansaço. 


Os cavaleiros fizeram uma mensura, estavam exaustos viajaram em marcha acelerada grande parte do trajeto e também queriam descansar, pelo menos por uns instantes.


- Homens podem ir a seus quartos tomem um banho e arrumem-se, iremos nos apresentar ainda hoje e teremos muita coisa para fazer pela frente.


~~~


Horas depois todos estavam aprumados e limpos, sentaram-se a mesa junto com o conselho, sabiam que tinham que enganar o Regente, então todos os preparativos  foram discutidos, todas as perguntas feitas e respondidas, eles tinham  que saber o que fazer. E  em pouco tempo já tinham tudo organizado. Não era algo honrado, mas era o certo. E estavam prontos para faze-lo.


Adentraram os portões do Palácio Real, O Sábio-Mestre Trentin na frente junto com o Tutor d'Os Relâmpagos, gesticulavam, logo atrás Sir Vengard e Sir Aaron decidiam formações para as tropas junto de seus companheiros.


Foram direto até o Salão do Regente, lá os Sábios-Mestres das outras cidades já os esperavam junto ao Regente do Tratado. Os olhares se voltaram contra eles assim que pisaram no salão, e não era por pouco, eles eram a melhor ordem de cavalaria de todos os reinos, os generais em batalha, mas acima de tudo olharam por que algo não estava certo. O grupo não estava completo. 


O burburinho já começara. Mas logo o Regente se fez ouvir e o silêncio foi feito, sendo quebrado unicamente pela voz de Adrian Brightstar. - Onde estão os outros? Quero explicações!


O Sábio-Mestre já esperava aquela reação do Regente , sabia que não gostava de ser contrariado, era orgulhoso e cheio de caprichos. Então se levantou e pediu a palavra.


- Sua Majestade, queira nos perdoar por não estarmos em completo, mas problemas em nossa cidade impediram que o grupo pudesse estar aqui por completo. Dias antes de recebermos seu chamado tínhamos sido atacados por uma horda de goblinoides, e uma das vilas também foi ataca, resultando na morte de Sir Richard de Pandhein, amigo antigo do Tutor d'Os Relâmpagos, como alguns aqui devem saber. Por esses motivos, parte de nossa cavalaria saiu em campanha para desvendar de onde vieram tais criaturas e as exterminarem. Um mensageiro foi mandado para que os encontrassem e que assim que possível retornassem a cidade e fosse rumo a Vontermont. Viemos assim que pudemos e não sabemos ainda dos outros. Creio que estejam todos bem, mas devem ainda demorar um pouco para chegarem.  


- Que seja! Mesmo assim temos que ser rápidos e não poderemos espera-los, temos que criar nossas táticas para nos defender e atacar Fastrionur o Dragão Negro. Dizia o regente. - Não creio que ele irá cumprir com sua promessa, acho que nos atacará antes.


E realmente podia ser verdade, esperar algo justo de um Dragão Negro era perigoso. Os cavaleiros sabiam disso.


- Se me permite Vossa Alteza. - Vengard e Aaron se levantam. - Viemos aqui exatamente para isso Lorde, iremos guiar os exércitos, com a estratégia não terás que temer. Nós valeremos por nossas amigos que ainda ão de vir. Não precisa se preocupar.


- Ótimo cavaleiro. Então que isso seja feito de imediato, já estou farto de discussões. Essa não é a hora de brigas internas. Temos que proteger nossa aliança.


Por instantes, o regente se portou como um lider, e deixou de lado as desavenças, talvez por querer proteger o próprio pescoço, talvez por capricho dos Deuses, mas de qualquer forma era um alívio.


- A cúpula por hoje está dispensada, que os preparativos sejam feitos. Vão, temos uma guerra para vencer - Urrou o Regente.


~~~      


 

sábado, 13 de setembro de 2008

Valores de Herói (Parte 10)

Capítulo 8 - Perguntas e Respostas

O clima de descontração e alegria que dominava a viagem da Empreitada do Trovão acabou. Alguém sabia de sua missão, e era contrário a ela. Pior, esse alguém não era monstro, era tão humano quanto a maioria do grupo, e prontamente apoiava o que poderia ser mais uma vez o fim da civilização como era conhecida.

Davam graças aos deuses por Urig ter conseguido manter o líder vivo, pois poderiam interrogá-lo e descobrir quem era seu mentor, mas ao mesmo tempo tinham medo das possíveis respostas. Estavam a apenas um dia de viagem de Turin, e resolveram acampar mais cedo para que suas perguntas enfim fossem respondidas.

- Pode começar a falar senhor emboscador. - disse Thogar - Tem muito o que nos responder, como por exemplo porque estavam nos seguindo.

- Fomos pagos para isso. Não somos nem ao menos bandidos experientes. Meus companheiros e eu somos apenas agricultores, por favor, não me matem! - disse o homem, com um sotaque que Will logo reconheceu.

- Agricultores?? E por que a emboscada? De onde tirou essa varinha mágica e as armas? Está mentindo para nós! - disse Thogar, subindo o tom de voz de maneira a se tornar mais ameaçador do que seu diminuto tamanho permitia.

- Sim, é verdade! Somos agricultores desempregados! Viemos todos de Olaftown! O sr. Huntington nos enviou atrás de Will Nimblung como forma de se vingar de seu pai! Parece que a família Nimblung está muito próspera, e o sr. Huntington nunca gostou muito do sr. Nimblung! É apenas uma vingança! - dizia o homem chorando como criança.

- E as armas? De onde tiraram essas armas e essa varinha mágica?! - gritava mais Thogar.

- Chega Thogar, deixe que eu converse com o homem. - disse Will, intervindo.

- Logo reconheci seu sotaque. Você é de Olaftown mesmo. Nos momentos de nervosismo é onde o sotaque mais se destaca, e não pude deixar de percebê-lo. Me conte mais sobre o que aconteceu em Olaftown desde a minha partida. - nesse momento Will percebeu que já estava há quase um mês fora de casa, e ao pronunciar o nome da vila, sentiu um vazio no peito.

O homem falou durante horas. Ao que parece, todo o progresso que Will nunca havia visto na cidade, chegou em questão de dias. Seu pai, arando a terra para a nova plantação, descobriu um veio de ouro. Manteve a descoberta em segredo, mas não se conteve e logo estava comprando presentes para a família, dando à esposa os presentes e o conforto que nunca pôde.

Logo a cobiça dos vizinhos aumentou, pois a família Nimblung sempre fora humilde, e estava se tornando uma das mais ricas. O sr. Huntington, mais rico agricultor da região, e rival do sr. Nimblung, não querendo cometer um crime descaradamente dentro da cidade, pois sabia que seria o principal suspeito, resolveu acabar com a vida do sr. Nimblung de outra forma: matando seu filho. Fácil e não teria suspeitas sobre si, pois todos sabiam que Will havia partido em viagem.

Entretanto, as notícias não chegaram em Olaftown de maneira completa, e o sr. Huntington não sabia que os Sete Relâmpagos estariam em viagem com Will. Sem saber disso, achou que apenas 12 agricultores desempregados dos arredores de Olaftown seriam suficientes para acabar com ele.

- Se o que diz é verdade meu caro, está perdoado, e livre. Mas antes, apenas me explique, para satisfazer meu amigo anão, de onde veio essa varinha, e mais ainda, o porque de seus sorrisos ao nos ameaçar. - disse Urig.

- A varinha era de um tio esquisito do sr. Huntington, parece que o homem era mago, e não foi bem aceito pela família quando estava doente e precisou de abrigo. O sr. Huntington cuidou dele apenas para poder se apossar dos parcos pertences do homem. E meus risos foram de nervoso. Quando vi contra quem iria lutar, minha vontade era sair correndo, mas tinha uma missão, e caso retorne ao sr. Huntington sem uma prova de que a cumpri, nunca mais verei minha família. O sr. Huntington jurou matar a todos caso eu não voltasse com uma prova de sua morte Will. Entre isso e a minha morte, prefiro a morte, por isso atacamos. - disse o homem, chorando.

- Tome. Pegue esse gorro. Minha mãe o costurou pra mim há alguns anos, e todos em Olaftown me reconheciam quando estava frio. Mostre-o ao sr. Huntington e reveja sua família. Depois, diga a meus pais que quer o seu perdão, e que antes de morrer eu disse a meus pais que os amava muito. Eles irão sofrer, mas tenho certeza que irei revê-los um dia, e sua felicidade então será a maior de todas. - disse Will, de maneira séria.

- Muito obrigado senhor Will, por sua misericórdia. Muito obrigado mesmo. - disse o homem, correndo com o gorro de Will nas mãos.

- Foi muito nobre de sua parte Will. Estou orgulhoso de você. - disse Thogar.

- Obrigado Thogar, mas se não se incomoda, gostaria de ficar sozinho em minha barraca agora. Essas notícias sobre Olaftown me deixam pensativo. Já tive pesadelos sobre o destino da cidade com a minha saída, e achei que era muita pretensão minha achar que a vila mudaria apenas por eu ter saído de lá. E agora vejo que não estava tão errado. Meu pai já não trabalhava no arado há algum tempo, esse serviço era meu, e nunca havia encontrado esse veio de ouro. Talvez a minha saída seja uma benção para os que estavam próximos de mim. - disse Will, com a voz carregada.

- Não diga isso Will. Nada sabemos sobre o destino ou a sorte. Tudo pertence aos deuses. Principalmente aos deuses do lar. Venere seus ancestrais e eles lhe darão tudo o que precisar. Seu pai deve ser um homem muito respeitador dos costumes antigos. - disse Urig.

- Sim Urig, é um homem à moda antiga, como se costuma dizer. Agora, com sua licença, irei para minha barraca. - disse Will, encerrando o assunto enquanto tentava ocultar uma lágrima que rolava em seu rosto.

Os companheiros de viagem ficaram se entreolhando, pensando na dura situação do menino caipira que agora se tornava um guerreiro.

~~~

No dia seguinte levantaram acampamento rapidamente, queriam chegar à Turin antes do pôr-do-sol. Logo se lançaram na estrada, apertando o passo dos cavalos. Todos estavam sérios, os acontecimentos dos últimos dois dias deixaram todos apreensivos quanto a Will.

Quando pararam para almoçar, Cecil e Urig começaram a discutir sobre a viagem de Turin até Selyn, que seria feita sem cavalos para não chamar atenção dos bárbaros. Logo todos estavam envolvidos na discussão, menos Will, que se levantou e foi observar um bambuzal próximo.

- Existem animais que se alimentam de bambu, você sabia? - disse Dibrille, assustando Will com seu caminhar silencioso.

- Não, não sabia. Pra mim o bambu servia apenas para fazer jangadas e varas de pesca. Aliás, há muito tempo não pesco, sinto falta disso. Da briga com o peixe, dos momentos de silêncio aguardando a puxada...

- Pelo que você fala, a vida em Olaftown era muito boa. - diz Dibrille, com um sorriso carinhoso.

- Sim, e era. Mas alguma coisa dentro de mim dizia que eu precisava sair e conhecer o mundo. Quando estava quase criando raízes naquela terra, eis que surgem Chris e Sir Richard. E agora, que tenho minha chance de viajar pelo mundo, me pego pensando em voltar, em ajudar meus pais.

- Saber como estão seus pais e ver Olaftown mais uma vez ajudaria a tirar esse sentimento de você por mais algum tempo, para que possa nos ser mais útil na viagem?

- Está me chamando de inútil Dibrille?! Sei que não sou a pessoa mais talentosa daqui, mas acho que estou longe de ser um peso para o grupo! - responde Will indignado.

- Hahahaha! Sua revolta me diverte. É lógico que não quis chamá-lo de inútil. E sim, você é uma das pessoas mais talentosas do grupo, mas não consegue se concentrar e direcionar seus dons. E o motivo é que seu corpo está conosco, mas sua cabeça está longe daqui. Nem gostaria de ver o resultado do combate caso nossos inimigos não fossem meros camponeses e sua ajuda fosse necessária.

- Tudo bem, está certa. Mas de que maneira poderia vê-los?! Estamos há quilômetros de distância de Olaftown! - diz Will com a voz emocionada.

- Calma, sem choro. Acho que já derramou lágrimas de saudade suficientes em sua barraca.

- Você me viu chorando? - diz Will, envergonhado e levemente ruborizado.

- Eu o ouvi, e não deve se envergonhar disso. Também sinto falta de casa, e meu lar se encontra ainda mais distante. E a maneira que encontrei de suprir isso é a magia. Invoque os deuses domésticos. Peça a seus antepassados que lhe mostrem  como está sua família.

- Fácil para uma maga dizer isso. Eu mal estou aprendendo a empunhar uma espada e você me fala em magia e deuses. - diz Will, irritado.

- Penates Lares Specularum! - diz Dibrille, virando os olhos e derramando o conteúdo de seu cantil no gramado. A água brilha por um instante e mostra imagens de Grenoble. A cidade oculta dos elfos se mostra para Will por breves momentos, em imagens fracas.

- Vê? São meus irmãos e primos. E a capital do Reino de Grenoble. Meus parabéns Will, é um dos poucos humanos vivos que já a viu. - diz Dibrille, sorrindo.

- Como fez isso?! Me ensine! - diz Will, extasiado.

- É simples. Você precisa apenas pronunciar as palavras da tradição, invocando os deuses domésticos para que mostrem o seu lar através de um local adequado. O ideal é que seja um espelho, mas como viu, pode ser um espelho d'água. É um truque simples de magia, se treinar todas as noites durante alguns minutos, creio que em dois ou três dias poderá ter imagens como as que eu gerei. E como viu, não são boas imagens, são apenas lampejos.

Nesse instante, Will abre seu cantil apressado, vira o conteúdo no mesmo local que Dibrille e pronuncia: Penates Lares Specularum!

Para a surpresa de Dibrille, a água brilha e as imagens que se formam mostram a casa de Will como se os dois estivessem dentro da mesma. A visão dos pais de Will é quase a mesma que se tem pessoalmente. Tanto o pai quanto a mãe de Will estavam bem, a casa havia mudado um pouco, melhorado em termos de qualidade e quantidade de móveis. Ao que parece, a história do veio de ouro é verdadeira, e Will ficou aliviado por ter libertado o homem que havia sido enviado para lhe matar.

- Acho que descobrimos mais um de seus dons Will. Estou feliz em estar nessa viagem contigo. - diz Dibrille, sorrindo admirada, pois sabia que estava diante de um verdadeiro herói.

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Valores de Herói (parte 9)

Capítulo 7 - O significado da amizade

Ambos os grupos começam a viagem sem saber o que lhes aguarda e sem olhar para trás.
A chuva era densa e a noite estava escura de tal forma que impossibilitava a visão do grupo que rumava em direção de Turin, mas mesmo com toda essa dificuldade todos seguiam Cecil, que não parecia nada alarmado por causa da chuva, ao contrario ele ria como se tudo aquilo o tranqüilizasse.
- Odeio quando ele começa a rir assim. Ele vai fazer isso a viajem toda só para me irritar, eu sei disso – Resmunga Thogar.
- Eu nunca faria isso meu amigo. Ao contrario essa chuva não podia ter vindo em melhor hora, assim não deixamos rastros. – diz Cecil rindo
- Mas acabamos de sair de Brindenbur, quem iria nos seguir Cecil. Não seja besta. – diz Thogar
- É mesmo que iria querer nos seguir não é... – sussurra Cecil
- Parem de discutir os dois. De problemas já basta esse chuva que me faz senti como um cego. – Esbraveja Urig

Tanto Will como Christopher se vem em uma atmosfera de muita alegria e amizade entre os cavaleiros, que uma vez achavam que eram pessoas rígidas e desprovidas de sentimentos por carregarem tal responsabilidade em suas mãos.
Enquanto os dois sorriam pela discussão dos cavaleiros Dibrille observava Will e ficava mais tranqüila por ver que ele estava mais calmo por estar diante de uma situação como essa. Mas não era só aquilo que a alarmava, parecia que alguém estava os seguindo, os seus sentidos élficos poderiam estar enganados por causa da chuva e dos barulhos de animais, insetos e dos raios que caiam não muito longe.
Mesmo assim ela segue junto aos outros e se depara com o nascer do sol. Já se passará 6 horas desde que tinham saído de Brindenbur, e a chuva tinha diminuído, deixando espaço para uma chuva bem fina e refrescante.

- Hahahaha eu disse que o tempo não podia ser melhor não é – Sorri Cecil
- Você já sabia não é? – Ressalta Urig
- Mas é claro meu bom amigo, você acha que eu não iria checar o tempo antes da viajem, parece até que não me conhece.
- Não entendo nada de climas, de seguir rastros ou qualquer outra inutilidade que apenas você conheça Cecil, mas realmente você é útil para algo. – Gargalha Thogar
- Vindo de você vou aceitar isso como um elogio.
- Faça como quiser o que eu quero ver mesmo é se essa terra bárbara tem alguma criatura que possa me trazer um desafio a minha altura.
- Pode-se dizer que a sua altura não vai ser muito difícil de achar anão Hahaha – Diz Cecil com um sorriso debochado no rosto.
- Seu... Seu meio elfo desgraçado é melhor você correr por que se eu botar as mãos em você que vou fazer com que fique da minha altura. Grunhe o Anão.
- Já disse para os dois pararem. Não acredito que o Vengard me deixou com vocês dois, que problema ele deixou em minhas mãos. – Diz Urig enquanto leva a mão á cabeça.

Após mais algumas horas o grupo para perto de um segmento de rochas para descansar os cavalos um pouco e aproveitar para comer algo e apreciar a bela paisagem.

- Como é bonito esse lugar. Olhem um arco-íris. – Diz Dibrille
Dibrille estava não estava acostumada a viajar muito, e conhecia pouco sobre o mundo de fora. Passou grande parte da vida dela em Grenoble e estudando para se tornar uma maga. Enquanto ela fica apreciando a bela paisagem todos ficam olhando para a bela elfa que estava tão sorridente em ver o a bela paisagem que estava na sua frente, até que Thogar a chama a atenção.

- Sim isso é um arco-íris, agora venha aqui e coma algo antes que eu tenha de fazer esse sacrifício por você. – Diz o Anão dando uma gargalhada
- Depois a armadura não cabe e você fica reclamando. – Brinca Cecil
- Você está me chamando de gordo? Mas na realidade não faz idéia de como é necessário estar bem alimentado para um combate. – Thogar tenta se explicar
- Eu não to vendo nenhuma criatura a ser combatida por perto. – Diz Urig
- Mas nunca se sabe, não ouvi falar em ataque surpresa. Diz sorridente o Anão

Todos começam a rir e a descontração toma conta do grupo de aventureiros que descansam um pouco mais e seguem em viajem.
Cecil vai guiando o grupo durante todo o dia, que passa em um piscar de olhos, e a cai noite e eles decidem montar acampamento pero de umas arvores que iram servir de abrigo a caso chovesse a noite. Os aventureiros prendem os seus cavalos e vão preparando o acampamento. Dibrille apronta sua cabana enquanto Cecil prepara uma fogueira para esquentar a noite fria e os outros alimentam os cavalos e arrumam tudo para o próximo dia de viajem. Apos todos terem terminado os seus afazeres eles se juntam perto da fogueira para comer algo e conversar sobre o futuro.

- Então Cecil quanto tempo você ainda acha que vamos demorar até chegar a Turin? – Pergunta Urig
- Se tivermos sorte, e o caminho que vamos percorrer estiver em tão bom estado como espero, acredito que em cinco dias estaremos em Turin. – Explica Cecil fazendo um desenho da trajetória que o grupo pretende percorrer no chão com um graveto.
- Que bom, não vejo a hora de chegarmos, não consigo me acostumar a dormir em barracas, prefiro uma boa cama. Diz Thogar enquanto se prepara para dormir.
- Eu fico pensando. O vem pela frente? Que tipo de desafios vamos enfrentar? – Diz Will olhando em direção a Turin.
- Meu jovem, não se preocupe com isso. Seja lá o que vem pela frente vamos enfrentar juntos, todos nós. – Diz Urig, tentando aliviar o jovem em sua primeira aventura.
- Isso mesmo, todos nós vamos enfrentar os desafios juntos. Não fique pensando no futuro Will, vamos fazer isso juntos. – Christopher tentando animar o amigo de viajem.
- É esse o espírito meus companheiros, e falando assim até lembra um pouco eu quando fui em minha primeira aventura – Sorri Cecil.
- Pelo que me lembro bem Cecil você estava com um pouco de medo e receio, se não me falha a memória. – Ri o Thogar dentro da sua cabana.
- É mesmo eu me lembro, você parecia um garoto assustado. – Diz Urig
- Tudo bem, vamos mudar de assunto.
- Na realidade é melhor nós irmos dormindo, amanha será um longo dia. Cecil você faz a vigia. – Pede Urig
- Você não vai dormir Cecil? – Pergunta Dibrille
- Eu não preciso, há um tempo atrás ganhei um anel que não faz necessário eu dormir incrível não?
Dibrille fica espantada com o anel mágico. – Claro
- Vamos dormindo meus jovens, amanha será um longo dia de viajem e não sabemos o que nos espera.

Todos vão dormir enquanto Cecil fica de guarda sentado escorado em uma árvore perto da fogueira. Logo todos caem no sono, Cecil se levanta e da uma volta por perto do acampamento e observa o local. Cecil havia ouvido algo, e estava apreensivo achando que alguém ou algum animal estaria por perto, poderia ser algo que ele estava com medo que acontecesse. Alguém teria seguido eles.
Após observar calmamente e procurar cuidadosamente pela área acaba se convencendo que estava ouvindo coisas. E a noite passa sem nenhum ocorrido e logo bem cedo todos se aprontam para continuar a viajem.
Will acorda bem cansado, não estava tão acostumado quanto os outros a dormir ao relento, mas mesmo assim não deixou transparecer o cansaço que estava presente no seu rosto e na sua musculatura. Mas mesmo tentando ocultar tal cansaço Cecil acaba percebendo e tenta confortar o jovem companheiro.

- Hei Will venha cá, tome um pouco de água.
- Obrigado Cecil. – Diz Will com a voz um pouco arrastada.
- Não se preocupe meu jovem com o tempo você se acostuma com essas viagens é tudo questão de costume. – Diz sorridente Cecil
- Eu vou ficar bem é só um simples cansaço, vai passar. – Explica Will
- Que bom meu amigo, quando se viaja o mais importante e se manter saudável. Então se apronte e vamos, não podemos perder muito tempo.

Todos estavam prontos e seguiram rumo a Turin. Cecil antes de amanhecer tinha revisado o mapa e tinha encontrado um caminho alternativo que parecia mais rápido para chegar até a ponte de Sahu, de acordo com os seus cálculos eles chegariam à ponta a noite se aumentassem o ritmo da viajem, e assim ele decidiu junto com o grupo.
O caminho parecia ser uma boa escolha por que passaria perto de um bosque onde poderia encontrar algum tipo de abrigo e até mesmo frutas e água fresca.
O tempo estava bom e então eles partiram em direção a ponte de Sahu. Tudo parecia perfeito, mas Dibrille teve um pressentimento que algo esta errado e que alguma coisa iria acontecer, mas mesmo assim ficou muda, não queria alarmar os amigos por nada, e continuou viajem com o grupo.
O ritmo da cavalgada era mais forte do que do dia passado, o grupo descansou poucas vezes, mas nada alem do necessário, comer, beber e descansar um pouco os cavalos. Eles seguiram praticamente todo o dia e parte da tarde, mas logo a Brigada do Trovão se via em frente ao bosque que Cecil havia visto no mapa.

- Então por aqui conseguiremos ganhar tempo não é Cecil? – Pergunta Urig.
- Sim meu amigo, se seguirmos por aqui vamos ganhar mais tempo sem contar que nos protegeremos de mais um dia de chuva que está por vir. – Explica Cecil
- Então o que estamos esperando. – Diz entusiasmando Chris
- É assim que se fala meu jovem – Diz Thogar reafirmando as palavras do jovem cavaleiro.

Enquanto isso Dibrille fica olhando profundamente no bosque e pensando no que tinha pressentido mais cedo. Will estava observando Dibrille por que ela estava quieta a viajem toda e quando chegaram perto do bosque conseguiu entender o porquê de tal silêncio pela viajem. Não é a primeira vez que Will se pega observando Dibrille. Para Will a beleza de Dibrille é algo fora do comum, nenhuma mulher havia o deixado tão paralisado quanto ela, mas não se tratava apenas de beleza, Dibrille tem um coração bom e ao decorrer da viajem ambos começaram a ficar mais próximos, e o fato de Dibrille estar receosa em frente ao bosque é por que algo de estranho ela esta sentindo e aquilo o desconfortava.

- Vamos. – Disse Urig em voz alta.
- Eu vou à frente Urig para que não nos percamos dentro desse bosque, lugares assim costumam ser como um labirinto, e se uma pessoa se senso de direção entrar pode não sair jamais. – Diz Cecil
- É mesmo, uma vez demorei dias para sair de um pequeno bosque, por isso prefiro as cidades e os Salões dos Anões. – Diz Thogar
- Fiquem todos onde possamos ver, aqui é um bosque então vamos diminuir o ritmo para não machucar os cavalos e tentem não falar muito alto, não sabemos direito o que tem nesse bosque. – Diz Cecil em um tom de voz um pouco mais baixa

Todos seguem os conselhos de Cecil e adentram o bosque, mesmo parecendo que esse caminho demorasse mais ninguém reclamou com Cecil, além do mais ele era que sabia sobre as rotas e se ele havia decidido assim todos ia o seguir sem questionar. As horas vão passando e começa a escurecer, Cecil, Christopher e Will acendem tochas para iluminar o caminho que agora parece uma área mais descampada onde eles podem cavalgar com mais calma e em um ritmo mais rápido.
O grupo então acelera, mas algo não estava certo. Cecil para e levanta a mão fazendo um sinal para que todos parassem algo esta errado e ele e Dibrille sabiam disso. Tinha percebido que logo que chegaram nessa área descampada alguém os seguia, e não fazia a menor questão de esconder que o estava fazendo.
Cecil desce do seu cavalo e encosta o seu ouvido ao chão para saber o que vem ao encontro do grupo. Ele escuta passos de várias criaturas e o galope de um cavalo que parece estar mais longe. Cecil avisa todos que descem dos seus cavalos e ficam a postos para seja lá o que viesse ao seu encontro.

- Cecil o que você acha que é. – Pergunta Urig.
- Eu não tenho certeza, mas pelo ritmo deve algum tipo de humanóide. Acredito que seja por volta de doze ou mais – Diz Cecil ainda em duvida
- Como assim... estamos sendo seguidos há tanto tempo assim? Como elas nos acharam? – Fica espantado Thogar.
- Acho que elas já nos vem seguindo há algum tempo, e por isso resolvi mudar a trajetória, queria os despistar dentro do bosque, mas acho que não fui muito bem sucedido com o meu plano. – Tenta se explica Cecil
- Eu entendo a sua boa ação Cecil, mas você deveria ter nos avisado antes. Poderíamos ter nos preparado se tivéssemos ciência que estávamos sendo seguidos. Mas agora é muito tarde se preparem. – Diz Urig
- Fiquem perto de mim Will, Chris e Dibrille. Vamos tentar fazer um circulo para não nos dividir, pois seja lá o que for eles vão tentar nos dispersar, pois assim seremos alvos mais vulneráveis para eles. – Avisa Thogar.
- Sim – Dizem os três.

Um silêncio seprucal pairava no ar. Todos estavam esperando em suas posições o que iria sair dentre as árvores. Will parecia um pouco nervoso, mas mesmo assim estava ansioso para botar em prática tudo aqui que ele havia treinados nas últimas semanas. Mas treinamento é muito diferente de uma batalha real, e ele sabia disso, a vida de todos estavam e risco naquele momento. Um movimento errado poderia custar a sua vida.
Cada vez parecia que os passos se aproximavam mais e mais. Até que em uma pequena área acidentada no bosque um grupo de pessoas trajando roupas negras e encapuzados aparece. Um dos homens toma a frente e diz:

- Para onde pensam que estão indo Cavaleiros do Relâmpago? – Diz o homem encapuzado.
- Se fosse de seu interesse já teríamos dito não acha. Mas a verdadeira pergunta é o porquê vocês estão nos seguindo? – Diz Urig encarando o homem.

No momento em que Urig e o homem que parece chefiar começam a conversar Cecil e Thogar começam a esquadrinhar a área e começam a contar o número de oponentes a se combater. Tal estratégia já havia sido usado muitas vezes no passado, assim eles conseguiam ganhar tempo para combater o oponente e ganhar certa vantagem sobre a situação.
Eles haviam terminado de contar, eram quinze homens e eles apenas seis. Cecil e Thogar se olham como se já soubessem o que iriam fazer. Eles estavam em desvantagem numérica e não sabiam o quão experiente eram os oponentes que iriam enfrentar, mas Thogar já deduzia que os oponentes não eram grande desafio, não parecia preparados, e alguns nem pareciam verdadeiros combatentes, mas sim um bando de arruaceiros para ele. E diz para o grupo em voz baixa:

- Não há por que se preocupar meus jovens, não creio que nenhum deles sejam um grande desafio para qualquer um de vocês. Mesmo assim não devemos subestimá-los.
- É como Thogar disse, se ficamos próximos somos nós teremos a vantagem sem contar que eles vão ter de descer esse terreno acidentado, que nos da mais uma vantagem, por que eles não vão poder descer todos juntos fazendo assim com que lutemos mais em igualdade. Tente não baixar a guarda, mas mesmo assim vou ficar atento em vocês. – Sussurra Cecil

- Então vocês não vão dizer o porquê estão aqui? Pois bem, de qualquer forma eu recebi ordem para matar todos vocês. –Sorri o misterioso homem
- Não dia besteiras homem, não sabia que apenas um de nós seria capaz de derrotar todos os seus homens? – Esbraveja Urig
- Com entanto que matemos o jovem que esta entre vocês, teremos feito o nosso trabalho. – Diz o homem apontando para Will.

O grupo se espanta e fica sem reação, no mesmo momento todos começam a se mover em direção ao grupo. Todos sacam suas armas e partem na direção de Will. Thogar e Cecil tomam a dianteira e formam um tipo de barreira para conter os primeiros que viriam.
Tudo parece acontecer bem rápido. Os homens vão em direção do grupo com a intenção de tirar a vida de Will, mas acabam a frente de Cecil e Thogar que não parecem ter muita dificuldade para derrubar todos eles. Enquanto isso Dibrille lança uma magia que forma um cone de luz que faz com que algum dos seus inimigos percam a visão, Chris também não parece ter muito trabalho em derrubar o seu oponente. Urig parte em direção do líder do grupo, que ao ver que Urig se lançava em uma investida para cima dele utiliza-se de uma varinha para projeta uma esfera flamejante que atinge o clérigo e explode.
A explosão fez com que chamasse a atenção de todos que estavam lutando, que ficam espantado com a magia que sairá da varinha. O homem começa a rir, mas dentre a explosão Urig sai envolto a uma aura avermelhada que parece o proteger das chamas. O homem fica impressionado e tremulo, Urig caminha em direção ao homem e arremessa sua maça atingindo a mão do seu adversário, que acaba deixando a varinha cair no chão.
Will se vê perdido no combate, não sabe o porquê aqueles homens querem tanto a sua morte. Tudo que ele vê em volta parece estar em câmera lenta, mas mesmo assim não deixa de ajudar o seus companheiros, que fazem o possível para impedir que os oponentes consigam o atingir.
Urig começa a lutar contra o líder do bando usando apenas as mãos, mas o homem já havia perdido toda a moral diante de tal feito, estava assustado e o fato de Urig ser um pouco maior que ele já havia o transformado em um gigante que com apenas dois socos derruba o homem no chão.
O combate parecia estar decidido a maior parte deles já tinha caído, a vitória era certa. Mas mesmo com a certeza de que tudo ia terminar bem dois homens com besta que estavam escondidos que estavam na copa das árvores começam a disparar na direção de Will. Vendo isso Chris toma a frente de Will e usa o seu escudo como barreira para proteger o amigo. Não demorou muito e os dois homens caíram mortos no chão alguém havia alvejado os dois por trás. E uma mulher de cabelos ruivos aparece ao fundo com um sorriso no rosto.
Cecil fica espantado e ao mesmo tempo feliz. A mulher que aparecera era sua mulher Luna Lafel, ela é conhecida em toda Brindenbur por ser exploradora de masmorras e pela grande habilidade em espionagem. Todos pararam e ficaram olhando para ela, e Cecil diz:

- O que você esta fazendo aqui Luna.
- Você acha que eu ia deixar você ir em uma missão tão arriscada como essa sozinho, além do mais, vocês vão para Selyn e isso é de meu interesse, e ninguém sabe mais sobre masmorras do que eu. – Diz a mulher com um ar de deboche.
- Parece que o nosso amigo aqui avisou a família todo que ia sair em viajem. – Resmunga o Thogar.
- Não importa agora. E sim que estamos todos bem, e que a ajuda dela foi de extrema importância devido às situações que encontramos. – Tenta acalmar todos Urig
- E agora o que vamos fazer Urig? – Pergunta Chris
- Vamos ver o que esse homem tem a nos dizer quando acordar, mas no momento vou tratar de amarrar ele para que não fuja. Os que sobreviveram deixem que eles vão demorar algum tempo ainda para sair desse bosque.
- É melhor irmos partindo, não acredito que a saída do bosque seja lá muito longe daqui. – Diz Cecil apontando a direção.
- É meu amor parece que vamos viajar juntos mais uma vez, como os velhos tempo. – Sorri Luna
- Como nos velhos tempo... – Debocha o Anão
- Vá se acostumando Thogar. – Ri Luna
- Já não me bastava um, agora vou ter que viajar com esses dois. – Diz Thogar agora com um rosto de preocupação.

Luna costumava viajar com os Relâmpagos quando iam em direção de alguma masmorra, caverna, castelos ou torres abandonadas. Seu talento era único, para descobrir armadilhas, passagens secretas e em outras artes ladinas. E foi assim que Cecil e Luna se conheceram e acabaram se casando, mas há tempos que os talentos de Luna não tem sido necessários, e então quando Cecil havia dito para ela sobre a missão ela decidiu o seguir para voltar a sentir a sensação de se aventurar, já estava cansada de não fazer mais nada.
A viajem vai seguindo e poucas horas depois eles avista a Ponte de Sahu ao longe, apenas dois dias os separava de Turin, mas muito ainda esta a acontecer. E o homem que Urig carregava em seu cavalo tinha muito a explicar para todos.



quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Valores de Herói (parte 8)


Capítulo 6 - Raio e Trovão


A notícia tinha sido dada, as escolhas feitas, pensamentos rolavam na cabeça de todos mas não era hora de serem expostos, cada um já pensava nos próprios passos, eles tinham que ser fortes acima de tudo, então saíram pelos portões do Conselho, cabeças erguidas tinham uma missão, seriam divididos, isso era novo, mas tratado com um desafio e ele seria mais uma vez vencido.
O sol ainda não estava em seu ponto mais alto quando saíram e rumaram para o quartel d’Os Relâmpagos. Lá comeram, e contaram a Sir Janus, seu Tutor as notícias:
– Então serão divididos não é mesmo? Que seja.
­­– Irei com o grupo que vai a Vontermont, serei um apaziguador, será bom ter mais alguém para ajudar o velho Trentin a enrolar o Regente, e de qualquer forma além de Tutor ainda sou um Relâmpago. – sorria o velho Sir Janus.
– Enquanto ao grupo que vai em direção a cidadela de Turin, desejo-lhes boa sorte. Ainda tem quase dois dias para vocês se prepararem e como já foi dito, nem mesmo a chegada a cidadela será uma missão fácil, ela é a mais distante das cidades-estado e de lá ainda percorrerão um grande trajeto até as ruínas de Selyn, sei que Trentin está organizando a comitiva que vai até Turin, mas como sabem de lá em diante estarão sós, por isso se organizem.
O jovem grupo assentiu com a cabeça, para eles Sir Janus era não só um Tutor, mas um patrono e suas palavras eram sempre bem vindas, e tomadas como guia.
Logo todos saíram para seus afazeres, organizar equipamento, revisar mantimentos. Mas Will se sentia desnorteado, estava tudo muito rápido, mal manejara uma espada e agora estava engajado em algo grande demais, não se queixava, claro, aquilo era tudo que ele esperava, mas ainda se sentia cru, e não sabia o que fazer.
– Will Nimblung pare de perder tempo ai viajando e venha aqui me ajudar. – resmungava Lady Helena.
– Estou indo senhorita! – diz Will depois de uma sacudida na cabeça jogando todos aqueles pensamentos para longe.
Will acompanhou Lady Helena até um dos depósitos da mansão, lá ela começou a revirar os materiais.
– Como pode, prestes a sairmos em aventura e você lá parado feito um saco de batatas! Tome, me ajude aqui. – entregando a Will uma mochila de viagem.
E nela foi depositando, óleos, pederneira e isqueiro, tochas, lampião, um saco de dormir um cantil, corda de cânhamo, gancho, cobertor, algumas rações desidratadas, material para primeiros socorros e outras pequenas coisas.
– Pronto, acho que isso é o suficiente! – disse Helena limpando um leve suor da testa.
– Agora deixe no seu quarto, esse é o equipamento básico.
– Como? Mas eu.... – um sem graça Will tentar argumentar.
– Um obrigado já basta Will. – Lady Helena esboça um sorriso.
– Certo, obrigado Lady Helena. – e a abraça, com o carinho de quem acabou de ser salvo.
– Ei!? Menos escudeiro. – esbraveja a guerreira que logo se vira e caminha, escondendo o rubor em seu rosto.
– Creio que com o equipamento de batalha você sabe se virar não é mesmo, aconselho a levar também um arco e setas, nem todos os inimigos podem estar ao alcance de sua espada. – Helena vai subindo as escadas e saindo do pequeno depósito.
– Por que tudo isso? – pergunta Will
– Como assim por que? – reclama a jovem.
– Por que você me ajudou? – mas uma vez Will pergunta
– Faça-me o favor! Você está conosco, por que não ajudar? – caminha até o final da escada, enquanto Will ficou lá estático pensando. – Além do mais não quero que morra. – baixou a cabeça e deu uma pausa em suas palavras. – Seria péssimo para minha reputação que o homem que me derrubou em uma luta morresse de frio e com fome em sua primeira aventura. – erguendo a cabeça e esbravejando enquanto dava passadas firmes em frente.
Will apenas sorriu, estava renovado.

~~~

O dia terminou, todos estavam exaustos, todos s preparativos estavam prontos e ainda os restavam mais um dia. Com isso Will e Christopher retornaram a sua casa onde uma calorosa ceia tinha sido feita por dona Brenda, e eles se fartaram.
Logo depois Christopher foi a lareira, sentou onde normalmente ficava Sir Richard e pegou o amuleto que recebera de Sir Janus, ficou ali pensando e o colocou no pescoço enquanto murmurava um “obrigado”. Will acompanhou o amigo e se sentou ficaram olhando o estalar da madeira no fogo. – As coisas simples sempre parecem mais grandiosas quando estamos para enfrenta um grande desafio não é mesmo Chris? – disse Will com um olhar mareado de sono.
– É verdade meu amigo. Pura verdade. – falou Chris segurando com força o amuleto.
– Vocês dois já para cama, terão grandes dias pela frente e ficam ai como zumbis, vamos levantem. – Solta a voz Brenda, como uma mãe.

~~~

Mau amanheceu o dia e os dois já estavam de pé, se despediram de todos na casa e rumaram para a mansão d’Os Relâmpagos, iriam passar o dia lá e partir a noite, para evitarem prováveis tumultos, e esconderem de espiões do reino a notícia que o grupo iria se dividir.
Na mansão, todos estavam reunidos, Dibrille se despedira da comitiva elfica e ficara na mansão, nunca tinha passado tanto tempo fora de suas florestas e nem tinha tido tanto contato com os humanos até essa empreitada, passava um bom tempo com Cecil, ele era o mais próximo de outro elfo e com ele conversava na sua língua nativa.
Os novos integrantes já tinham um pequeno entrosamento, talvez por terem entrado juntos, já se sentiam confortáveis na presença dos novos amigos, já com os cavaleiros da ordem eles mantinham um respeito maior, como uma hierarquia.
– Jovens, estamos prestes a partir, tudo está pronto, porem gostaria de revisar com vocês alguns tópicos das duas empreitadas. – dizia Sir Janus enquanto ficava de pé diante de todos que estavam sentados sob uma grande mesa que ficava em uma das sala da mansão.
– Todos já estão cientes das divisões, então falarei inicialmente sobre o grupo que vai para Vontermont; Eu, Sir Vengard, Sir Aaron, Lady Helena e Sir Bertran iremos partir rumo ao norte, iremos a cavalo junto com a comitiva do Sábio-Mestre, faremos a sua proteção até Vontermont, onde lá iremos nos unir as tropas do Tratado, seremos lideres de tropas e a linha de frente junto com as outras ordens de cavalaria contra as hordas de Fastrionur o Dragão-Negro. – discursou o Tutor. – Muito simples, diferente de nosso outro grupo.
– Aaron, você que traçou toda a rota de nossos amigos junto comigo,por favor venha aqui relatar a eles sobre o que deverão fazer. – Janus faz um aceno com a mão para que Aaron se levante enquanto ele mesmo toma uma das cadeiras da mesa.
Sir Aaron Sangree era um senhor da guerra, o melhor estrategista entre os sete integrantes da Ordem, não liderava o grupo, essa era a função de Sir Vengard Kysten, mas taticamente ele organizava o grupo, muitas foram as vezes que ele e Sir Janus traçaram os passos dos cavaleiros. E mais uma vez foi dado a ele essa missão.
– Obrigado pela honra Sir Singref. – levanta o altivo cavaleiro
– Sir Thogar, Sir Cecil e Sir Urig irão juntar forças a Lady Dibrille, o recém condecorado Sir Christopher e seu mais novo escudeiro Will Nimblung na empreitada em direção as ruínas de Selyn, porém primeiro irão passar pela cidadela fortificada de Turin, essa será a parte mais fácil. Daqui a Turin levando em consideração a falta de boas estradas e que irão a cavalo deverão demorar entre 5 a 6 dias, isso considerando que a ponte de Sahu ainda esteja trafegável, informações dizem que ela ainda está lá.
– Chegando em Turin levarão essa carta com as recomendações ao conselho, não deverão ter muito problema com isso, o Sábio-Mestre também estará fora e com a assinatura de Trentin na carta nada será negado a vocês, porem não devem ficar lá mais que o necessário. Partam o quanto antes, não temos o luxo de perdermos tempo. Depois de Turin, encontrarão com o Rio Aqüikam e terão que atravessa-lo por balsa, pois a antiga ponte não existe mais. – dissertou Sir Aaron
– Porém, agora que as coisas tomam outro rumo, do outro lado do rio são terras bárbaras e não temos conhecimento de quais tribos estão tomando conta da área até as ruínas, por isso terão que estar sempre alerta e dando preferência a fazer a viagem a noite, coisa que não será tão difícil já que estão acompanhados de pessoas que enxergam muito bem a noite. As ruínas ficam a 4 dias da margem do rio seguindo a Nordeste. – explica o Cavaleiro – Esse mapa foi encontrado no acervo da Biblioteca de Brindembur e mostra a antiga rota até a cidade tombada e um mapeamento da área de toda Selyn. Pode ser de ajuda, ficará com você Cecil. – estende o braço e entrega o mapa ao companheiro, que agradece com a cabeça e guarda o mapa.
– O paradeiro da espada não é certo, ela está nas ruínas, provavelmente perto do antigo castelo real, junto com o mapa existem algumas gravuras de como seria a espada, ela pode ser de ajuda. Mas com uma maga no grupo, e a espada sendo um artefato de magia elfica, creio que ela possa identificar a arma. – olhando para Dibrille.
– Você está certo, posso identifica-la e tentar rastreá-la quando próxima. – responde Lady Dibrille Moondew
– Não sabemos os perigos que agora rondam aquela área, a única coisa que sabemos é que as tribos bárbaras consideram agora aquela área com terra impura e amaldiçoada, devido a toda sua história. Por isso deve pegar a espada e ir direto a Vontermont o mais rápido que puderem. – Aaron termina a palestra, já era o final da tarde, uma tarde cinzenta.
Jantaram a noite, todos relaxavam, pelo menos tentavam. Tudo estava pronto, mais a noite receberam a visita de um mensageiro dizendo o local de encontro com a comitiva do conselho. Então se aprontaram, Todos já estavam no estábulo arrumando seus cavalos. Will recebera um dos corcéis que estava na casa de Sir Richard e nele já colocava a sela. Era doutrinado e manso, mas um breve olhar mostrava que o cavalo tinha nos olhos a mesma chama dos guerreiros e aceitara seu novo dono muito bem, talvez por Will saber lidar com os animais devido a toda a sua vida no campo, vida essa que agora parecia uma lembrança distante.
Estavam prontos quando logo depois do som de um trovão começara a chover, uma chuva pesada mas com pouco vento.
Sir Janus riu. – Levando em consideração o nome desta ordem vou levar isso como um bom presságio. Além disso me veio na cabeça uma idéia. Nesta empreitada onde dividimos os Relâmpagos, eu e meu grupo seremos a Brigada do Raio enquanto a comitiva em direção a Selyn será a Empreitada do Trovão, as duas faces do relâmpago.
Eles saíram, Raio e Trovão se encontraram fora da cidade com a comitiva, uma despedida breve, terminada com um “até breve.”. Cada um tomou seu caminho em meio a chuva densa.
Lá foram eles rumo a seus destinos.


Raio e Trovão.

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Valores de Heróis (parte 7)


Capítulo 5 - Más Notícias


O dia dos testes então terminou, com Will e Christopher exaustos. Impossibilitados de comemorar suas façanhas e ainda nervosos com a missão que lhes estava sendo confiada, só conseguiram pensar em suas camas, e foram embora para casa, onde dormiram um sono profundo.
Christopher teve uma noite tranqüila, ao contrário de Will, que teve um pesadelo assustador, onde toda Olaftown gritava seu nome, pedindo pelo herói que foi embora, enquanto o exército de monstros matava todos os homens, devorava as crianças e estuprava as mulheres do vilarejo. Will via tudo isso de fora, sem saber onde estava.
Ao tomar consciência que se o exército de monstros estava em Olaftown era porque a missão não fora bem sucedida, pulou da cama, acordando assustado, enrolado num lençol encharcado de suor. Olhou pela janela, e viu no horizonte uma luz púrpura, indicando que não tardava muito para o amanhecer.
Levantou-se então da cama e foi até a cozinha, beber um copo de água.
Na cozinha encontrou a velha senhora Brenda, que retirava um enorme pão quente do forno à lenha, e punha a mesa para o desjejum dele e de Christopher.
– Bom dia dona Brenda. – disse Will.
Brenda deu um gritinho assustado, quase deixando o pão cair. Olhou então para Will, ainda com o rosto pálido pelo pesadelo.
– Meu rapaz, o que faz de pé a essa hora da manhã? E essa cara péssima? – disse Brenda.
– Tive um pesadelo, nada demais. Mas por precaução, achei melhor não voltar a dormir.
– Tome seu desjejum então, enquanto me conta esse pesadelo. Sabe, antes de ser governanta de Sir Richard – que este descanse em um bom lugar – quase fui curandeira, como minha mãe. Ainda sei elaborar algumas infusões para curar doenças, e sei interpretar sonhos.

Servindo-se de um enorme pedaço de pão, como se comer fosse aliviar sua preocupação, Will começou então a falar:
– O sonho começou com uma visão da minha casa em Olaftown. Eu a via por dentro, e via meu pai assustado, segurando a porta, enquanto minha mãe chorava num canto, encolhida. Então a porta voou pelos ares, e uma nuvem de poeira ofuscou o que acontecia a meu pai.
– A partir daí, tive uma visão de toda Olaftown vista de cima, e vi monstros atacando! Já espantei uma meia dúzia de goblins e kobolds de nossas terras, mas esses eram monstros perigosos, realmente grandes! Muitos eram bugbears, como o que matei com a ajuda de Christopher e Sir Richard, mas havia uma enorme variedade de criaturas.
– Eles destruíam as casas, matavam os homens e velhos. Alguns dos monstros, os maiores, devoravam as crianças, enquanto os bugbears e orcs estupravam as mulheres. E o que mais me assustou, é que toda a vila, mesmo aqueles que me achavam esquisito e não nutriam por mim nenhum sentimento bom, gritava meu nome. Eram gritos de raiva, de dor, de desespero.

– Quando percebi que toda aquela destruição estava ocorrendo em Olaftown, pensei que a missão havia sido malsucedida, e acordei com um pulo, respirando fundo.
– Agora lhe pergunto dona Brenda, o que pode significar esse sonho? Minha terra natal está em perigo por eu ter ido embora? Era a minha presença que mantinha os monstros afastados de Olaftown? – perguntou Will, mordendo um pedaço do pão.
Dona Brenda então, com um sorriso maternal, encarou Will, baixou os olhos e lhe disse:
– Will, não é preciso ser curandeira ou sábia para interpretar seu sonho. As mudanças que estão ocorrendo em sua vida lhe assustam. Você gostaria de ter notícias de sua vila, gostaria de saber o que aconteceria se ficasse por lá. O único significado de seu sonho Will, é que você está nervoso com o que o destino lhe reserva, e com a importância da primeira aventura em que se mete. Quer um conselho de uma velha? Não olhe para frente como quem olha para trás. Não se arrependa das escolhas que fizer. Deixe que a vida o leve adiante, viva intensamente tudo o que lhe acontecer. Os bons momentos serão boas lembranças quando alcançar a minha idade, e os maus momentos lhe servirão de lição. Mas seu sonho me mostrou uma coisa também Will. A piedade, o amor pelo próximo, a necessidade de ajudar os oprimidos. Você tem os intrínsecos valores de herói, e tenho certeza que essa aventura lhe cairá como uma luva.



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Uma hora depois foi a vez de Christopher acordar e descer para tomar seu desjejum. Surpreendeu-se por encontrar Will já de pé, sentado à mesa com dona Brenda, numa conversa bem animada.
– Bom dia Christopher, dormiu bem? – perguntou Will.
– Sim Will, muito obrigado. E sobre o que conversam? – perguntou Christopher com um sorriso.
– Ah, contávamos um ao outro histórias do passado. Dona Brenda se surpreendeu por saber que um rapaz educado como eu possa ter sido um demônio quando criança!
– Hahaha! Que bom que se deram bem! E quanto ao Conselho? Alguém deu notícias?
– Não, até agora ninguém apareceu à porta, Sir Christopher. – disse Brenda com um sorriso orgulhoso.
– Para você sempre Chris, dona Brenda! Não me chame de Sir de novo! – disse Christopher, enquanto sorria para a governanta.
Nesse momento alguém bate à porta. Will se levanta e vai abrir.
– Pode parar por aí Will, aqui sou eu quem abre a porta! – diz Brenda enquanto corre para ultrapassa-lo.
Brenda então abre a porta. É um garoto com um pergaminho enrolado, que estende este para ela. A velha senhora acaricia a cabeça do menino, tira uma moeda de prata e lhe dá. Ele olha para aquilo, com um sorriso enorme já pensando em como poderá gastar, agradece e sai correndo.
– Acho que chegou a mensagem que esperava do Conselho Chris. – diz Brenda, entregando-lhe o pergaminho.
Christopher desenrola a carta, e a lê em voz alta:
“Caros senhores Will Nimblung e Sir Christopher Jasper, o Conselho de Sábios de Brindembur através desta mensagem lhes faz saber que:
1) Em virtude da longa viagem que farão;
2) Da importância desta para a existência das Cidades Signatárias do Tratado de Vontermont;
3) E da tão recente consagração do senhor Christopher em Cavaleiro Protetor de Brindembur,

O Conselho decidiu que seguirão viagem para a Cidadela de Turin daqui uma semana, para que não haja erros nos preparativos e para que os senhores sejam melhor treinados pela Ordem dos Sete Relâmpagos.
Atenciosamente,

Sábio-Mestre Trentin”
– Ganhamos uma semana de treinamento Will. E com os melhores professores de todo o Tratado! – diz Christopher empolgado.


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A semana de treinamento foi intensa. Os empregados do Conselho de Sábios numa correria enorme organizando a caravana, enquanto Will e Christopher eram treinados e se entrosavam com seus companheiros de viagem, ninguém mais ninguém menos que Os Sete Relâmpagos e a filha de Lorde Lerondin.
No quarto dia dos preparativos, um mensageiro do Regente chega à cidade, entra no prédio do Conselho de Sábios, e não sai mais. No fim da tarde, Chris, Will, Dibrille e cada um dos Sete Relâmpagos recebem uma carta de convocação para uma urgente reunião do Conselho de Sábios na manhã do dia seguinte. Essa convocação a apenas 2 dias da partida deixa os dez novos amigos apreensivos.


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Amanhece o quinto dia antes da partida. Com os primeiros raios de sol, os dez já se encontram na porta do prédio do Conselho. Ninguém fala nada, preferindo não especular sobre o motivo de tão repentina convocação. Quando o sol se encontra completo no céu, as portas do Conselho se abrem, e eles entram.
No centro do salão estão dez cadeiras, uma ao lado da outra. Ao redor das dez cadeiras, encontram-se os Sábios em seus lugares no plenário. Os dez companheiros se sentam com a permissão do Sábio-Mestre.
– Bom dia a todos, e desculpem por tê-los tirado da cama tão cedo, mas as notícias que o mensageiro de Vontermont nos trouxe não são nada agradáveis, e precisamos discutir com vocês, os maiores interessados sobre as mesmas. – disse o Sábio-Mestre.
– Arauto, por favor, leia o conteúdo da mensagem. – ordenou um dos sábios.
“Sua Excelência, o Regente do Tratado de Vontermont Sir Adrian Brightstart, envia ao Conselho de Sábios de Brindembur a seguinte Resolução:
Diante da perigosa situação em que se encontra o Tratado de Vontermont, e da iminente ameaça de guerra, eu, Sir Adrian Brightstart, pelos poderes a mim inerentes como Regente do Tratado de Vontermont, convoco o Conselho de Sábios-Mestres em caráter emergencial, bem como convoco também todas as Ordens de Cavalaria para que se apresentem em Vontermont o mais rápido possível para unir-se às fileiras do Exército Real.
Informo ainda que recebi do atual Regente de Kandahar, o Dragão-Negro Fastrionur, uma oferta de rendição. Após negociações de nossos diplomadas com o Regente, este nos deu 3 semanas para nos render ao poder dos monstros, ou seu exército marchará saindo de Kandahar para atacar Vontermont.
Essa Resolução deve ser cumprida em até três dias após o recebimento do mensageiro.
Sua Excelência, o Regente”.
Os dez companheiros começaram a se entreolhar. Sabiam bem o significado de tal mensagem. O Sábio-Mestre então começou a falar:
– Infelizmente vejo que entenderam a determinação do Regente. Sim, Os Sete Relâmpagos devem partir para Vontermont, assim como eu. Nosso Regente está aflito com a situação do Tratado, e quer toda a ajuda possível, tanto bélica quanto intelectual.
– Entretanto, não posso enviar para uma missão desta importância, ainda que seja secreta aos olhos do Regente, apenas os três jovens que se encontram a minha frente. – dizendo isso, o Sábio-Mestre sorriu para Will, Chris e Dibrille.
– Os Sete Relâmpagos serão divididos, e gostaria de suas opiniões para saber quais seriam as melhores formações.
Ao ouvir isso, os Sete Relâmpagos se levantaram, falando alto, discutindo com o Conselho de Sábios. Nunca na história da Ordem dos Relâmpagos houve a necessidade de dividir seus membros em duas frentes de combate, e todos eles querem ir para Turin ajudar na busca pela Espada de Vaist.
– Calma meus amigos, sei da gravidade desta situação. Sei que o que decidi é arriscado, mas é a única chance que temos. Já sei que quando chegar a Vontermont corro o risco de ser expulso do Conselho de Sábios-Mestres por não acatar completamente uma ordem do Regente, ao não levar à Capital a maior ordem de cavalaria do Tratado em sua plenitude.

– Tentarei expor a nossa situação ao Regente, esperando que ele entenda a impossibilidade de enviar todos os sete para a Capital. Entretanto, todos sabemos que Sir Adrian Brightstart ama o poder, portanto se eu contar a ele sobre a Espada e a profecia, ele a requisitará como forma de ser aclamado pelo povo e tornado herói, para pôr fim aos conclaves de Sábios-Mestres que escolhem os Regentes a cada dois anos e se tornar Rei.
– Pensem comigo. Não há perigo maior em Brindembur do que há em Vontermont. Qual motivo eu teria para dizer a ele que Os Sete Relâmpagos ficaram em Brindembur ao invés de ir servir a seu Regente?
– A única idéia palpável é a de que alguns monstros errantes se encorajaram sabendo do exército e estão atacando as cidades, como ocorreu em Olaftown. Por tal motivo, poderia deixar dois ou quem sabe três Relâmpagos para trás, quando todos nós sabemos que eles estariam com Will, Sir Christopher e Dibrille em busca da Espada de Vaist.
– Essa foi a única solução que me ocorreu desde a chegada desta Resolução. Estou aberto a novas sugestões.

O salão foi então tomado por um silêncio sepulcral. Os Sete Relâmpagos se entreolhavam, cabisbaixos, pois sabiam que a única chance que tinham era a idéia de sábio-mestre.
– Como vêem, não temos outra alternativa. E isto nos leva ao segundo motivo pelo qual os chamei aqui. Precisamos decidir quais dos sete irão comigo para Vontermont e quais seguirão viagem com os três. A única exigência que faço quanto a isso é que Vengard venha comigo, pois como líder dos sete, nada mais lógico que se apresente na Capital.
– Sim, Sua Sapiência, irei para a Capital. E, se me permite opinar, acho que tenho o grupo perfeito para a viagem de Sir Christopher. Vejamos, Will e Sir Christopher são dois homens de armas. Dibrille, uma maga. Lhes falta um clérigo para curar os ferimentos de batalha, pois as Ruínas de Selyn ficam nas Terras Bárbaras, e o combate é certo para eles. Urig, você vai com eles.
– Além disso, precisarão sempre de alguém à sua frente, vigiando o caminho que estarão seguindo para saber os perigos que os aguardam com antecedência, assim, um batedor também lhes será útil. Cecil, você também os acompanhará.
– E por último, temos sim dois homens de armas, mas ainda inexperientes em combate real. São bons, sem dúvida, mas não tiveram muitas oportunidades de participar de lutas de verdade, por isso acho que um guerreiro experiente ajudaria muito. Thogar, vá também com eles. - disse apontando para o anão.
– Acho que este seria o grupo ideal Sua Sapiência, mas sinta-se à vontade para modifica-lo. – disse Vengard.
– Não me oponho, você entende muito mais de combates do que eu Vengard, e sua seleção faz todo o sentido. Então ficamos assim. Will, Sir Christopher, Dibrille, Cecil, Urig e Thogar. Vocês irão até Turin com a caravana. De Turin em diantes, estarão sozinhos até as Ruínas de Selyn.

– E neste ponto, acho que cabe uma explicação histórica. As Ruínas de Selyn são as ruínas da antiga Capital de nosso Reino. Sim, Vontermont era a Capital há muitos anos atrás, mas antes dos Regentes, tivemos um rei louco. E este rei, num acesso megalomaníaco, resolveu ampliar o reino de forma a se tornar imperador, e transferiu a Capital do reino de Vontermont para o meio das Terras Bárbaras. Lá, ele construiu Selyn.
– Desnecessário dizer que apesar dos bárbaros serem inúmeras tribos independentes, para expulsar o mal comum eles se uniram. E destruíram Selyn. Por esse motivo, Turin, antes uma pequena cidade, cresceu, e construiu em torno de si uma muralha. Precisavam de segurança para os refugiados de Selyn que chegavam a cada dia. Hoje Turin vive praticamente isolada do resto das cidades do Tratado, sendo o último porto seguro antes das Terras Bárbaras.

– O Conselho de Sábios-Mestres e os Conselhos de Sábios de cada cidade já existiam nessa época, e os Sábios decidiram que não haveria mais um Rei, para evitar esse tipo de problema no futuro. O Reino alcançava ainda algumas cidades no oeste, mas estas, sem a influência de um Rei, resolveram declarar independência, e hoje não sabemos o que aconteceu a elas. Porém, os sábios das cidades que hoje vocês conhecem, resolveram assinar um Tratado. O Tratado de Vontermont. Por esse tratado, Brindembur, Kandahar, Turin e Vontermont seriam cidades-estados, cada uma com seu Conselho de Sábios que as governaria. Os Sábios-Mestres de cada um desses conselhos formariam o Conselho de Sábios-Mestres, que escolheriam a cada dois anos o novo Regente, entre os cidadãos de bem e destaque das cidades do tratado, e seriam convocados duas vezes por ano para a Capital, onde analisariam o trabalho do Regente, e poderiam também ser convocados em situações de emergência para auxiliar o Regente em suas decisões. Acho que isso já lhes basta para entender porque a Espada de Vaist está nas Ruínas. Ela fazia parte do tesouro real.
– Turin fica a 200km daqui aproximadamente. Mas a viagem durará mais do que o esperado, porque como forma de dificultar um eventual exército bárbaro que queira atacar as cidades do Tratado, nunca foram construídas estradas ligando Turin a qualquer outra cidade, excetuando-se, lógico, as vilas que a abastecem. Daqui a Turin temos pouco mais que uma trilha marcada pela movimentação de uns poucos mercadores.
– Enfim, era isso que tínhamos para tratar com vocês. Peço desculpas pelas más notícias, mas todo trabalho contra o mal requer grandes sacrifícios. Espero que este seja o único que tenhamos que fazer. Agora, voltem para o que vocês têm a fazer. Continuem os treinamentos. Darei ordens para que os preparativos sejam reorganizados de maneira a levar menos pessoas na caravana. Façamos nosso trabalho crianças, porque com o prazo dado pelo dragão-negro, estamos agora correndo contra o tempo. – disse o Sábio-Mestre, com a voz emocionada diante dos problemas.



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