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sábado, 28 de junho de 2008

Valores de Herói (Parte 4)


Capítulo 3 - Destino

O dia seguinte seguiu calmo. A temperatura amena e a qualidade da estrada ajudaram os dois companheiros, conseguiram chegar aos portões de Brindenbur ainda no fim da tarde, apesar da parada para almoçar.

Chegando aos portões, Christopher foi indagado pelos guardas sobre Sir Richard.

Sir Richard infelizmente não está mais entre nós. Vim para dar a notícia ao Conselho de Sábios. Sir Richard precisa ser lembrado, devem decretar luto por pelo menos uma semana. respondeu Christopher.

Podem entrar. Leve minhas condolências à família de Sir Richard. respondeu o guarda, gaguejando diante da surpresa pela notícia.

Will ficou embasbacado com o tamanho da cidade. E apenas a dois dias de viagem de Olaftown! Poderia tê-la conhecido muito antes, caso seu pai deixasse. Mas deveria deixar de pensar em seus pais por algum tempo. Sua vida deveria seguir adiante, sem travas e grilhões que o segurassem em Olaftown. Tinha 25 anos, e dentro de seu entendimento, muito pouco vividos.

Christopher ia na frente, guiando Will por entre a multidão de Brindenbur. Era dia de feira. Will nunca tinha visto tanta gente em sua vida, e nem uma variedade tão grande de mercadorias. Estava acostumado a comer carne seca de carneiro, pão, queijo de leite de cabras, e quando seu pai estava de muito bom humor, um vinho de maçã. De repente ele é apresentado a um mundo novo! Frutas novas, roupas diferentes, ferramentas que ele nunca tinha visto. Viu alguns seres diferentes, anões, gnomos e também um tipo diferente de humano, mais magro e de orelhas compridas e pontudas. Tinham uma aparência respeitável, e estavam andando todos juntos. Vestidos com roupas diferentes, coloridas, muito bonitas. Will ficou olhando como uma criança para aquelas pessoas.

São elfos Will. Gente muito decente, e muito velha. Um deles vive pelo menos 3 vezes mais que um ser humano. Aqui são poucos que existem. Aliás, isso é estranho, tantos juntos e com essas roupas... Será que... disse Christopher, se perdendo em seus pensamentos.

Será o que Christopher?

Será que são enviados do Reino de Grenoble? Antes de saírmos em viagem, Sir Richard me disse que talvez Brindenbur recebesse alguns diplomatas elfos, e essa seria a segunda vez na história que isto aconteceria. Só que a primeira vez não foi um bom presságio...

Você acha que teremos más notícias em breve?

Talvez. Mas vamos logo ao Conselho dos Sábios. Precisamos dar a notícia logo e ver o que será de nós, afinal de contas, eu sou apenas um escudeiro... disse Christopher, lembrando de sua posição no Conselho.

Christopher, a única lição que meu pai me ensinou é que por tudo na vida precisamos dar graças aos deuses. Você está diante de alguém pior do que você. Sou mais velho que você, e dentro do Conselho, não sou ninguém. Dê graças aos deuses por você não ser eu. disse Will, se surpreendendo por falar da mesma maneira que tanto lhe irritava quando seu pai falava.

Christopher não respondeu, mas olhou com pena para Will. E ao olhar, viu que apesar desta lição de humildade, Will era uma pessoa de muita altivez, como seu Mestre.

Foram ao centro da cidade. No norte da praça central ficava o prédio do Conselho dos Sábios. O Conselho era uma aristocracia disfarçada. Participavam dele os membros mais inteligentes da sociedade brindenburiana, e estes eram os nobres, que tinham ouro suficiente para viajar para Grenoble e ser educados pelos elfos. A qualidade da administração da cidade agradava ao povo, motivo pelo qual nunca houve uma rebelião contra o Conselho. Entretanto, contra a milícia e sua corrupção ao tratar com as guildas, inúmeras manifestações populares já haviam ocorrido. E nenhuma deu jeito nos crimes por mais de duas semanas.

Entraram no prédio. Para disfarçar a aristocracia como uma democracia, todos tinham acesso ao prédio. Podiam ir e vir dentro do prédio, fazer pedidos aos Sábios, ou a todo o Conselho, dependendo da importância do pedido. Quando entraram, o Conselho estava reunido.

Vossas Sapiências, gostaria de ter a palavra por um minuto. disse Christopher.

Sim Christopher, filho de Trevor, discípulo de Sir Richard, você tem a palavra. respondeu Trentin, o Sábio-Mestre, já com seus 70 anos.

Infelizmente Sapiências, tenho uma má notícia para dar-lhes. Meu mestre, o Nobre Cavaleiro Sir Richard de Pandhein, morreu em batalha contra um Bugbear.

A notícia que nos dá é deveras triste Christopher, entretanto não nos causa surpresa a presença de um bugbear nas terras de nosso reino. De acordo com a comitiva dos elfos, cada vez mais criaturas malignas serão vistas por aqui. Ao que parece há alguém além das grutas verdejantes comandando exércitos de monstros. Kandahar já caiu, e está sendo governada por um dragão negro. disse Trentin, com os olhos marejados diante de duas notícias tão ruins no mesmo dia.

Mas Kandahar era a cidade-estado aliada mais antiga que tínhamos! E se Kandahar já caiu, o próximo passo desse exército antes de Brindenbur é atravessar a Garganta de Urgrim até a cidade de Vontermont!

Sim Christopher, bem se vê porque Sir Richard lhe fez seu escudeiro. Seu conhecimento de estratégia e geografia é brilhante! Em segundos você traçou o plano destes monstros, coisa que demoramos 10 minutos para fazer. E é por esse plano que os elfos vieram. Vão nos ajudar, enviarão seu exército, pois Brindenbur é a última cidade humana do continente. Ao sul já está o Reino de Grenoble. A partir de amanhã iremos começar um alistamento. Atacaremos os monstros antes que estes cheguem a Vontermont. A Garganta de Urgrim é um ponto estratégico para atacá-los.

Obrigado pelo elogio. É sempre gratificante ser elogiado por aquele que merece todos os elogios, sua Sapiência. Gostaria de me alistar imediatamente. Que meu nome seja o primeiro na lista do exército.

Você sabe o que significa ser o primeiro alistado não é Christopher? Sabe que apenas um Cavaleiro legítimo pode realizar tal ato, não é mesmo?

Sim Sua Sapiência. Gostaria de passar pelo teste o mais rápido possível.

Que assim seja. Amanhã será testado Christopher. Caso passe, será nosso Cavaleiro mais jovem, e um orgulho para a memória de Sir Richard.

Muito obrigado Sua Sapiência. Antes que me esqueça, este é Will Nimblung, ex-morador de Olaftown. Ele foi salvo por Sir Richard do ataque do bugbear, e na verdade, foi ele quem matou o monstro.

Se matou um bugbear, será muito bem vindo em nosso exército. disse o Sábio-Mestre, tentando esconder a surpresa diante da frase de Christopher.
Nesse momento, os elfos entram no salão. O mais altivo de todos se dirige diretamente ao Sábio-Mestre:

Sua Sapiência, nossos magos descobriram algo que é de interesse de todos nós. Há uma profecia muito antiga, que estava perdida na biblioteca de Grenoble. Um de nossos sábios levantou a dúvida sobre ela, e deixamos nossos magos pesquisando. Acabamos de receber a resposta. O exército de monstros foi previsto por nosso povo há dois mil anos atrás.

Muito bom Lord Lerondin! É sempre mais fácil enfrentar o inimigo sabendo o que enfrentamos!

Não Sua Sapiência. Não será tão fácil assim. Ao que parece, o exército de monstros se levanta a cada dois mil anos sob o comando de um mais poderoso que todos, encerrando um ciclo de civilização. A última vez que tal cataclisma ocorreu, o mundo só não acabou pelo surgimento de um herói que empunhou uma espada mágica criada por nosso mago mais poderoso. Esta espada veio a ser conhecida como a Espada de Vaist. E só assim que este exército pode ser vencido.

Então senhores, a situação é mais fácil do que se imagina! Localizamos a espada de Vaist! Nosso finado Sir Richard estava indo a seu encontro! Ela está nas Ruínas de Selyn, ao norte da cidadela fortificada de Turin. É um pouco longe daqui, mas tenho certeza que Sir Christopher e seu escudeiro Will Nimblung acompanharão Os Sete Relâmpagos nesta aventura, e nos trarão a Espada de Vaist para que esta mais uma vez salve o mundo!

Gritos de alegria ecoavam pelo salão do Conselho de Sábios. Os Sábios por terem encerrado seus problemas, Christopher por ter conseguido seu título de Sir, e Will por agora ser um escudeiro e ter em sua primeira aventura, aquela que poderá mudar a história do mundo.

~~~

Sua Sapiência, gostaria de ter uma pequena conversa. - disse Lord Lerondin, após a saída de todos do salão. Estavam apenas ele e Trentin, o resto dos sábios e elfos foi espalhar as boas novas pela cidade, que nesse momento já estava em festa.

Claro Lord Lerondin, pode falar.

Há uma parte da profecia que não tive coragem de contar a todos.

Qual seria essa parte?

A Espada de Vaist só tem o poder de vencer o exército dos monstros se empunhada pelo último descendente da dinastia do antigo Rei Vaist. E como nós dois sabemos, o sangue desta família enfraqueceu há pelo menos 500 anos, até desaparecer por completo.

Tenho uma notícia para você então Lord Lerondin. Sir Richard já sabia sobre a dinastia Vaist. Quando partiu em busca da Espada de Vaist, ele foi passando pelo vilarejo de Olaftown.

Mas a cidadela de Turin não fica para aqueles lados! Olaftown é a oeste daqui, e Turin é a leste!

Eu sei. Sir Richard não buscava a espada. Ele buscava ressuscitar a Dinastia de Vaist como forma de trazer o mundo de volta aos eixos, trazendo dignidade e paz para todos.

Ainda não entendi o que quer dizer, Sua Sapiência.

Sir Richard antes de partir em viagem fez uma pesquisa incansável em nossa biblioteca, e traçou a árvore genealógica da Dinastia de Vaist desde o começo. Eldrin Vaist foi o herói que salvou o mundo há dois mil anos de acordo com sua profecia. Se tornou o primeiro Rei de sua dinastia. Entretanto, há 500 anos, seu último descendente, Darden Vaist, se deixou corromper pelo poder e esqueceu de seu povo. Como não conseguia engravidar nenhuma mulher, consideraram Darden o fim da Dinastia Vaist. Entretanto, sua rainha engravidou, mas não quis que seu filho tivesse como pai o tirano cruel que Darden havia se tornado. Entregou o bebê para um casal de empregados, e ordenou que estes fugissem com a criança. Eles fugiram e sumiram com o recém-nascido. Quando Darden morreu, meu Reino passou a ser governado por Regentes, e nunca mais tivemos uma Dinastia reinante.

Então ainda há a possibilidade de existir um descendente da Dinastia Vaist?! perguntou exaltado Lord Lerondin.

Possibilidade? Não Lord Lerondin, realidade mesmo. Você esteve hoje diante do último descendente de Eldrin Vaist. Sir Richard não foi à Olaftown por nada. Ele usou a busca pela espada como forma de desviar a atenção do que estava fazendo. Apenas eu fiquei sabendo de seus verdadeiros planos, e prometi lhe ajudar para que tudo funcionasse corretamente. O filho de Darden Vaist foi levado pelos empregados para aquele vilarejo. E esses empregados se chamavam Bertrand e Verena Nimblung. O bebê, o filho desconhecido de Darden Vaist foi criado como filho deles, recebendo portanto seu sobrenome. O tempo passou, essa família foi continuando como todas as outras, até os dias de hoje. O último descendente de Eldrin Vaist é ninguém mais ninguém menos que este camponês altivo, forte e de olhos brilhantes, aguardando uma aventura como seu antepassado aguardou o exército de monstros: Will Nimblung é nosso herói!

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5 comentários:

Luciano PR disse...

Ai, naum é pq eu sou um dos escritores que estou falando isso naum, mas tá ficando muito maneiro o conto.

E agora eh comigo! xD

Théo, Theobaldo, Theotonio, Theófilo... disse...

O pior é que quando comecei o conto não sabia quem seria o Will!!! Hahahaha! O cara agora é a esperança do mundo!

V. disse...

Meninos, achei muuuuiito legal o conto... Desejo mt sucesso pra vcs e q vcs continuem tendo boas inspirações!!!
Já to contando os dias pra eles começarem a viajar...rs

Cuidado com os direitos autorais heim!? vai q alguém gosta mt e tenta publicar...rs

bom, parabéns!
bjos,
Carol

Unknown disse...

To adorandO o contO.
ta muito interessante!
EsperO o proximo capitulo ansiosa

Joking Joker disse...

Nossa tá tão legal o conto. Tá tudo sendo tão inesperado para quem está escrevendo. To adorando participar desse blog hahahaha

Théo você escreve muito bem também por sinal ... Yipe yipe uhaaaa

Agora depende do luciano

see ya folks .o/