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sábado, 28 de junho de 2008

Valores de Herói (Parte 4)


Capítulo 3 - Destino

O dia seguinte seguiu calmo. A temperatura amena e a qualidade da estrada ajudaram os dois companheiros, conseguiram chegar aos portões de Brindenbur ainda no fim da tarde, apesar da parada para almoçar.

Chegando aos portões, Christopher foi indagado pelos guardas sobre Sir Richard.

Sir Richard infelizmente não está mais entre nós. Vim para dar a notícia ao Conselho de Sábios. Sir Richard precisa ser lembrado, devem decretar luto por pelo menos uma semana. respondeu Christopher.

Podem entrar. Leve minhas condolências à família de Sir Richard. respondeu o guarda, gaguejando diante da surpresa pela notícia.

Will ficou embasbacado com o tamanho da cidade. E apenas a dois dias de viagem de Olaftown! Poderia tê-la conhecido muito antes, caso seu pai deixasse. Mas deveria deixar de pensar em seus pais por algum tempo. Sua vida deveria seguir adiante, sem travas e grilhões que o segurassem em Olaftown. Tinha 25 anos, e dentro de seu entendimento, muito pouco vividos.

Christopher ia na frente, guiando Will por entre a multidão de Brindenbur. Era dia de feira. Will nunca tinha visto tanta gente em sua vida, e nem uma variedade tão grande de mercadorias. Estava acostumado a comer carne seca de carneiro, pão, queijo de leite de cabras, e quando seu pai estava de muito bom humor, um vinho de maçã. De repente ele é apresentado a um mundo novo! Frutas novas, roupas diferentes, ferramentas que ele nunca tinha visto. Viu alguns seres diferentes, anões, gnomos e também um tipo diferente de humano, mais magro e de orelhas compridas e pontudas. Tinham uma aparência respeitável, e estavam andando todos juntos. Vestidos com roupas diferentes, coloridas, muito bonitas. Will ficou olhando como uma criança para aquelas pessoas.

São elfos Will. Gente muito decente, e muito velha. Um deles vive pelo menos 3 vezes mais que um ser humano. Aqui são poucos que existem. Aliás, isso é estranho, tantos juntos e com essas roupas... Será que... disse Christopher, se perdendo em seus pensamentos.

Será o que Christopher?

Será que são enviados do Reino de Grenoble? Antes de saírmos em viagem, Sir Richard me disse que talvez Brindenbur recebesse alguns diplomatas elfos, e essa seria a segunda vez na história que isto aconteceria. Só que a primeira vez não foi um bom presságio...

Você acha que teremos más notícias em breve?

Talvez. Mas vamos logo ao Conselho dos Sábios. Precisamos dar a notícia logo e ver o que será de nós, afinal de contas, eu sou apenas um escudeiro... disse Christopher, lembrando de sua posição no Conselho.

Christopher, a única lição que meu pai me ensinou é que por tudo na vida precisamos dar graças aos deuses. Você está diante de alguém pior do que você. Sou mais velho que você, e dentro do Conselho, não sou ninguém. Dê graças aos deuses por você não ser eu. disse Will, se surpreendendo por falar da mesma maneira que tanto lhe irritava quando seu pai falava.

Christopher não respondeu, mas olhou com pena para Will. E ao olhar, viu que apesar desta lição de humildade, Will era uma pessoa de muita altivez, como seu Mestre.

Foram ao centro da cidade. No norte da praça central ficava o prédio do Conselho dos Sábios. O Conselho era uma aristocracia disfarçada. Participavam dele os membros mais inteligentes da sociedade brindenburiana, e estes eram os nobres, que tinham ouro suficiente para viajar para Grenoble e ser educados pelos elfos. A qualidade da administração da cidade agradava ao povo, motivo pelo qual nunca houve uma rebelião contra o Conselho. Entretanto, contra a milícia e sua corrupção ao tratar com as guildas, inúmeras manifestações populares já haviam ocorrido. E nenhuma deu jeito nos crimes por mais de duas semanas.

Entraram no prédio. Para disfarçar a aristocracia como uma democracia, todos tinham acesso ao prédio. Podiam ir e vir dentro do prédio, fazer pedidos aos Sábios, ou a todo o Conselho, dependendo da importância do pedido. Quando entraram, o Conselho estava reunido.

Vossas Sapiências, gostaria de ter a palavra por um minuto. disse Christopher.

Sim Christopher, filho de Trevor, discípulo de Sir Richard, você tem a palavra. respondeu Trentin, o Sábio-Mestre, já com seus 70 anos.

Infelizmente Sapiências, tenho uma má notícia para dar-lhes. Meu mestre, o Nobre Cavaleiro Sir Richard de Pandhein, morreu em batalha contra um Bugbear.

A notícia que nos dá é deveras triste Christopher, entretanto não nos causa surpresa a presença de um bugbear nas terras de nosso reino. De acordo com a comitiva dos elfos, cada vez mais criaturas malignas serão vistas por aqui. Ao que parece há alguém além das grutas verdejantes comandando exércitos de monstros. Kandahar já caiu, e está sendo governada por um dragão negro. disse Trentin, com os olhos marejados diante de duas notícias tão ruins no mesmo dia.

Mas Kandahar era a cidade-estado aliada mais antiga que tínhamos! E se Kandahar já caiu, o próximo passo desse exército antes de Brindenbur é atravessar a Garganta de Urgrim até a cidade de Vontermont!

Sim Christopher, bem se vê porque Sir Richard lhe fez seu escudeiro. Seu conhecimento de estratégia e geografia é brilhante! Em segundos você traçou o plano destes monstros, coisa que demoramos 10 minutos para fazer. E é por esse plano que os elfos vieram. Vão nos ajudar, enviarão seu exército, pois Brindenbur é a última cidade humana do continente. Ao sul já está o Reino de Grenoble. A partir de amanhã iremos começar um alistamento. Atacaremos os monstros antes que estes cheguem a Vontermont. A Garganta de Urgrim é um ponto estratégico para atacá-los.

Obrigado pelo elogio. É sempre gratificante ser elogiado por aquele que merece todos os elogios, sua Sapiência. Gostaria de me alistar imediatamente. Que meu nome seja o primeiro na lista do exército.

Você sabe o que significa ser o primeiro alistado não é Christopher? Sabe que apenas um Cavaleiro legítimo pode realizar tal ato, não é mesmo?

Sim Sua Sapiência. Gostaria de passar pelo teste o mais rápido possível.

Que assim seja. Amanhã será testado Christopher. Caso passe, será nosso Cavaleiro mais jovem, e um orgulho para a memória de Sir Richard.

Muito obrigado Sua Sapiência. Antes que me esqueça, este é Will Nimblung, ex-morador de Olaftown. Ele foi salvo por Sir Richard do ataque do bugbear, e na verdade, foi ele quem matou o monstro.

Se matou um bugbear, será muito bem vindo em nosso exército. disse o Sábio-Mestre, tentando esconder a surpresa diante da frase de Christopher.
Nesse momento, os elfos entram no salão. O mais altivo de todos se dirige diretamente ao Sábio-Mestre:

Sua Sapiência, nossos magos descobriram algo que é de interesse de todos nós. Há uma profecia muito antiga, que estava perdida na biblioteca de Grenoble. Um de nossos sábios levantou a dúvida sobre ela, e deixamos nossos magos pesquisando. Acabamos de receber a resposta. O exército de monstros foi previsto por nosso povo há dois mil anos atrás.

Muito bom Lord Lerondin! É sempre mais fácil enfrentar o inimigo sabendo o que enfrentamos!

Não Sua Sapiência. Não será tão fácil assim. Ao que parece, o exército de monstros se levanta a cada dois mil anos sob o comando de um mais poderoso que todos, encerrando um ciclo de civilização. A última vez que tal cataclisma ocorreu, o mundo só não acabou pelo surgimento de um herói que empunhou uma espada mágica criada por nosso mago mais poderoso. Esta espada veio a ser conhecida como a Espada de Vaist. E só assim que este exército pode ser vencido.

Então senhores, a situação é mais fácil do que se imagina! Localizamos a espada de Vaist! Nosso finado Sir Richard estava indo a seu encontro! Ela está nas Ruínas de Selyn, ao norte da cidadela fortificada de Turin. É um pouco longe daqui, mas tenho certeza que Sir Christopher e seu escudeiro Will Nimblung acompanharão Os Sete Relâmpagos nesta aventura, e nos trarão a Espada de Vaist para que esta mais uma vez salve o mundo!

Gritos de alegria ecoavam pelo salão do Conselho de Sábios. Os Sábios por terem encerrado seus problemas, Christopher por ter conseguido seu título de Sir, e Will por agora ser um escudeiro e ter em sua primeira aventura, aquela que poderá mudar a história do mundo.

~~~

Sua Sapiência, gostaria de ter uma pequena conversa. - disse Lord Lerondin, após a saída de todos do salão. Estavam apenas ele e Trentin, o resto dos sábios e elfos foi espalhar as boas novas pela cidade, que nesse momento já estava em festa.

Claro Lord Lerondin, pode falar.

Há uma parte da profecia que não tive coragem de contar a todos.

Qual seria essa parte?

A Espada de Vaist só tem o poder de vencer o exército dos monstros se empunhada pelo último descendente da dinastia do antigo Rei Vaist. E como nós dois sabemos, o sangue desta família enfraqueceu há pelo menos 500 anos, até desaparecer por completo.

Tenho uma notícia para você então Lord Lerondin. Sir Richard já sabia sobre a dinastia Vaist. Quando partiu em busca da Espada de Vaist, ele foi passando pelo vilarejo de Olaftown.

Mas a cidadela de Turin não fica para aqueles lados! Olaftown é a oeste daqui, e Turin é a leste!

Eu sei. Sir Richard não buscava a espada. Ele buscava ressuscitar a Dinastia de Vaist como forma de trazer o mundo de volta aos eixos, trazendo dignidade e paz para todos.

Ainda não entendi o que quer dizer, Sua Sapiência.

Sir Richard antes de partir em viagem fez uma pesquisa incansável em nossa biblioteca, e traçou a árvore genealógica da Dinastia de Vaist desde o começo. Eldrin Vaist foi o herói que salvou o mundo há dois mil anos de acordo com sua profecia. Se tornou o primeiro Rei de sua dinastia. Entretanto, há 500 anos, seu último descendente, Darden Vaist, se deixou corromper pelo poder e esqueceu de seu povo. Como não conseguia engravidar nenhuma mulher, consideraram Darden o fim da Dinastia Vaist. Entretanto, sua rainha engravidou, mas não quis que seu filho tivesse como pai o tirano cruel que Darden havia se tornado. Entregou o bebê para um casal de empregados, e ordenou que estes fugissem com a criança. Eles fugiram e sumiram com o recém-nascido. Quando Darden morreu, meu Reino passou a ser governado por Regentes, e nunca mais tivemos uma Dinastia reinante.

Então ainda há a possibilidade de existir um descendente da Dinastia Vaist?! perguntou exaltado Lord Lerondin.

Possibilidade? Não Lord Lerondin, realidade mesmo. Você esteve hoje diante do último descendente de Eldrin Vaist. Sir Richard não foi à Olaftown por nada. Ele usou a busca pela espada como forma de desviar a atenção do que estava fazendo. Apenas eu fiquei sabendo de seus verdadeiros planos, e prometi lhe ajudar para que tudo funcionasse corretamente. O filho de Darden Vaist foi levado pelos empregados para aquele vilarejo. E esses empregados se chamavam Bertrand e Verena Nimblung. O bebê, o filho desconhecido de Darden Vaist foi criado como filho deles, recebendo portanto seu sobrenome. O tempo passou, essa família foi continuando como todas as outras, até os dias de hoje. O último descendente de Eldrin Vaist é ninguém mais ninguém menos que este camponês altivo, forte e de olhos brilhantes, aguardando uma aventura como seu antepassado aguardou o exército de monstros: Will Nimblung é nosso herói!

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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Valores de Herói (parte 3)


Capítulo 2 – A Primeira Viajem

Tudo aquilo tinha acontecido muito rápido na cabeça de Will, ele mal sabia para onde estava indo, e o que o futuro lhe guardava. Mas naquele momento, só conseguia pensar no que estava por vir. Um mundo inteiro a conhecer, feitos notáveis e sonhos a serem alcançados.

Will estava com o olhar longe, seus olhos verdes ganhavam novo brilho, o punho cerrado parecia ter força para lutar dez batalhas, os músculos estavam tensos e o faziam parecer mais forte do que um mero camponês devia ser.

Isso faz com que o jovem escudeiro começasse a olhar seu novo companheiro com outros olhos. Para ele, o homem que estava ao seu lado era uma pessoa totalmente diferente da noite passada, e ao piscar dos olhos, suas lembranças o pregam uma peça. Vê Sir. Richard. Ele os esfrega como se aquilo tudo fosse uma visão, e sussurra o nome do seu antigo companheiro. – Sir. Richard...

– Será que meus olhos estão me pregando peças? - indaga o jovem escudeiro dentro de sua mente.

Logo após esfregar os olhos a imagem simplesmente desaparece, e onde uma vez via Sir. Richard, volta a ver Will, que nesse momento se virava para ele sorrindo e perguntando.

– Sabe, acabo de perceber que não lembro para onde estamos indo Christopher. – Ri – Na realidade não me lembro de você ter me dito? – Will leva a mão a sua cabeça e sorri.

– Senhor Will, pelo que parece os planos mudaram. Com a morte do meu senhor tenho de levar a notícia para a nossa cidade. E ver o que será feito com o resto dos bens de Sr. Richard. – disse Christopher em voz baixa, e com tristeza no olhar.

Will se aproxima de Christopher e coloca sua mão no ombro do rapaz e diz. – Sei o que deve estar sentindo meu jovem. E sei que não posso fazer muito para aliviar a sua dor, mas lembre-se do que ele te disse. Que você já é capaz, e já aprendeu tudo que precisava. Se quer que ele fique feliz, onde quer que ele esteja. Mostre que é capaz. – argumenta Will com voz firme.

– Mais uma coisa, não precisa me chamar de senhor Will. Só Will está de bom tamanho. – Além do mais a partir de agora somos companheiros de viajem, não somos? – aperta a mão do jovem, que após suas palavras ganhou novas forças.

– O senhor... quero dizer Will. Pode me chamar de Chris, é assim que Sir. Richard me chamava durante as nossas viagens para lugares distantes. – Alias, a cidade que vamos se chama Brindenbur, fica perto das “grutas verdejantes”. – dizia com um sorriso no olhar.

– Brindenbur... – espantado exaltou Will. Havia lembrado que em Brindenbur havia um grupo de cavaleiros conhecidos como “Os Sete Relâmpagos”. E nesse mesmo momento pensou consigo que se conseguisse que um desses homens o treinasse poderia desbravar o mundo sem receio e poderia ser um dos melhores cavaleiros de todo o reinado.

E então Will e Christopher continuaram em sua viajem, e ao longo do percurso um laço de amizade se firmava cada vez mais entre os dois companheiros.

Após um dia de viajem os dois pararam em uma clareira, lá montaram acampamento, conversavam sentados perto do fogo, já se conheciam melhor. E veio o assunto. – onde Sir. Richard pretendia ir se estivesse vivo? Questiona Will?

– Sir Richard pretendia procurar as Ruínas de Selyn, que fica ao norte da cidadela Turin. - Ele acreditava que nas ruínas poderia encontrar a espada do falecido Rei Vaist, e com ela trazer um pouco de ordem a cidade de Brindenbur. – explicava Christopher.

– Trazer ordem? - pestanejou Will

– A cidade está um caos Will. – Chris começava a falar – Algumas guildas têm tomado o controle de certas partes da cidade, e o conselho acha que a espada do Rei pode ser a solução para o problema.

– O que tem de especial essa espada Chris? – indagava Will

– Dizem que a espada existe na cidade desde que foi construída. Alguns dizem que durante as peregrinações dos antepassados do rei eles encontraram essas terras, e onde hoje é a cidade se encontrava essa espada. Não posso dizer muito, pois nunca á vi. Só conheço a história. – Boceja Christopher

– Vamos dormir Chris. Devemos chegar amanhã à noite aos portões da cidade não é? Então temos que estar bem descansados. – Will se escorou em um árvore e fechou os olhos.

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Tirem as espadas do baú e releiam os grimórios!

O mundo está mudando, procurando notícias nos deparamos com fatos no mínimo extraordinários. Passem anti-ferrugem nas espadas e tirem as armaduras do baú. Em breve o mundo precisará de heróis!

- O nascimento de um cervídeo com apenas um chifre surpreendeu pesquisadores de um centro de estudos na Itália. O animal foi apelidado de "Unicórnio". Os cientistas acreditam que um defeito genético o fez nascer com um chifre a menos. Seu irmão gêmeo nasceu normal.

- De acordo com a agência local Vozes do Iraque, no início da semana um grupo de habitantes da cidade de Dihuk se deparou com um animal de aproximadamente 4 metros de comprimento.
O vice-reitor de uma universidade local, Hussein Amin, que viu as imagens feitas pelo grupo, explicou que o animal "tem uma forma semelhante à de um dragão" e levantou a hipótese de que a criatura tenha ao menos 100 anos.
Os moradores de Dihuk afirmam que o animal não se parece com nenhuma das espécies conhecidas.
Para tentar descobrir de que espécie se trata, os estudiosos da universidade enviaram as imagens a dois centros de pesquisa na Grã-Bretanha e na Alemanha.

Nosso Harpista Théo que nos informou, estejam atentos!!

As informações completas vocês acham aqui:

Globo.com (o unicórnio)

terra.com.br (o dragão)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Valores de Herói (parte 2)


Capítulo 1 – Decisão


“Os deuses são imortais, nós também podemos nos tornar imortais, basta que façamos algo notável! Pois assim nascem as Lendas!” – Famoso provérbio entre os aventureiros.

Era final de tarde, Will continuara na lavoura, todos já haviam partido mas ele ficou, subiu um pequena elevação e sentou ao pé de uma macieira. Em sua cabeça explodiam pensamentos de seu futuro. – O que teria acontecido se... . Pestanejou.

Já era noite quando acordara. Ouvira algo como passos, mais pesados, como as pancadas de um martelo de forja em uma bigorna, e vinham em ritmo acelerado...

Virou-se, preferia não ter se virado. A sua frente viu algo que de longe não era humano... devia ter uns 3 metros... e largo como um touro. Não conseguiu distinguir bem no escuro, ou o medo o fez não ter tempo para tal. Correu, e enquanto corria pensava... – Onde está minha coragem, como posso ser tão covarde! E ainda quero sair daqui, como? – Seus pensamentos o embriagaram, ou talvez tenha sido o medo. Caiu, tropeçou em uma raiz morta que saia da terra batida.

Olhou para trás novamente, quase sentiu o bafo da criatura, caçou chão em fuga... Caiu novamente de frente para aquele ser, e serrou os olhos como esperando seu fim. Coração já na boca, ouviu o som do golpe. Não sentiu nada!

Olhos abertos, algo tinha acontecido. O pavor o privara dos sentidos, mal tinha notado o homem que chegou a cavalo e arremessou longe a criatura com uma investida precisa e salvando sua pele! – Corra! – bravejou o homem em voz rouca.

Não conseguira, ou algo dentro de si lutava para que ficasse.

O homem já esta no chão, de pé e com arma em punho, seu cavalo, próximo, e estático... era um cavalo de guerra, a doutrina, exemplar.

Começara o embate, a criatura ofegante, parecia que já estava cansada, estava ferida! Só notara agora, que o medo era menor, distinguiu a criatura, um Bugbear enorme, o maior que já havia visto, não que tenha visto muitos...

A espada do cavaleiro fez a trajetória de uma meia lua, de encontro ao peito da criatura, que se moveu rápido, escapou da morte só perdeu um naco de carne que a fez urrar. Ela rolou, e foi de encontro a uma foice de lavoura, deixada por um dos agricultores. Pegou a foice ainda enquanto rolava com seu corpo desengonçado, terminando o movimento com um golpe horizontal de encontro com a arma de seu adversário. O choque foi forte e a espada arremessada, era difícil comparar forças com tamanho monstro.

O acaso fez a espada cair fincada próxima a Will, que continuava na mesma posição, hipnotizado, como se estivesse vendo a apresentação de um bardo. Aquilo o fez despertar, o perigo ainda estava próximo.

O homem olhou Will rapidamente, enquanto sacava uma espada curta, recebeu outro golpe da foice desmontou no chão, não ouve grito, seu braço vertendo sangue de um corte que alcançava até metade de seu peito, estava em desvantagem o alcance da arma do Bugbear era muito maior. Rolou e estocou com a espada curta uma das pernas do humanóide, que urrou novamente e ajoelhou no chão. Ganhou tempo.

– Não ficarei mais parado, eu iria morrer, esse homem tomou meu lugar, agora precisa de mim! Isso era tudo que eu queria! Deuses, se não tenho coragem pra me defender que pelo menos me dêem forças pra ajudar o homem que deu outra oportunidade! – Gritou Will para si mesmo, enquanto já corria com a espada daquele homem na mão. Tremor nas pernas e um frio na espinha.

Se postou entre o homem e a criatura, a espada apontada para o Bugbear que mesmo ajoelhado ainda parecia um colosso para ele, o homem juntando forças para se levantar.

Will imóvel com a espada erguida, o bugbear se levantou.... tudo ficou mais escuro com sua sombra. Preparou o ataque, Will fechou os olhos, não pensava mais nada.

Sentiu a carne macia ser rompida pela lamina, sangue em profusão. Abriu seu olhos, a mão do homem guiou seu ataque, sua espada estava fincada metade no corpo da criatura, que caiu em sua direção, movimento curto de sua perna e desviou da queda do monstro. A criatura estava tombada.... o cheiro do ferro junto com o da terra batida o enjoou. Mas por um leve momento se sentiu bem, nunca tinha se sentido tão vivo!

Poucos instantes depois um jovem chega, cheio de bolsas, escudo na mão esquerda uma espada selada na bainha na outra mão. Entre olharam-se, poucas palavras, colocaram o cavaleiro em sua montaria e o levaram com rapidez para a cidade, ele precisava de cuidados. E rápido.

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Na casa da família Nimblung, entravam e saiam pessoas pra trazer água, ataduras e que fosse preciso pra ajudar o forasteiro. Fizeram o que puderam, no quarto permaneceram Will, e os dois forasteiros.

– Will Nimblung – ele se apresenta.

– Christopher Jasper, sou o escudeiro de Sir. Richard – o jovem se apresenta.

Aparenta ter uns 17 anos – pensou Will.

Um pouco de silêncio, e depois de uma tosse Sir. Richard acorda.

– Como está Sir. – O garoto aflito logo pergunta.

– Não irei durar muito, conheço meus limites. Você sabe o que tem que fazer, irá partir sem mim. Já é bem capaz disso, nunca te disse, mas você já sabia.

– Obrigado pela ajuda jovem. – Agora se referia a Will, que mesmo já não sendo jovem tinha vivido muitos verões a menos que Sir. Richard – Dêem o que Christopher precisar tem ouro em minha algibeira. Agora me deixem dormir – já falava com a língua mole enquanto os olhos se fechavam.

Os dois saíram do quarto, a tensão do evento já tinha passado, Will se viu sentindo falta daquela sensação. Christopher arrumava suas coisas, os olhos ainda com lágrimas, não falava nada, mas parecia perdido. – Irei com você! Mesmo que não queira. Faço isso por ele, mas também por mim! – Will finalmente conseguiu desvencilhar das amarras, estava decidido. Iria partir, era o momento, e não ia esperar uma próxima oportunidade.

– Que seja, se é a sua vontade aceitarei de bom grado sua presença. – Enxugou o rosto molhado das lágrimas. Christopher no fundo sentiu-se aliviado, nunca viajara sozinho, sempre teve a companhia de Sir. Richard, estava acostumado aos afazeres de um escudeiro.

Silêncio, os dois dormiram, no dia seguinte fizeram o que já era esperado. Enterram o corpo do cavaleiro no pequeno cemitério da vila. Uma reza curta, novas lágrimas no rosto do escudeiro e era hora de partir.

Tudo já estava arrumado, Christopher agradeceu a todos, especialmente a família Nimblung, colocou tudo no cavalo, incluindo a armadura de Sir. Richard e todos seus pertences, menos os de valor sentimental que foram para terra junto de seu corpo. Will o ajudou em tudo. E na hora de partir, os dois disseram adeus, para a surpresa dos pais de Will.

– Filho o que está fazendo? – Questionava a mãe.

– O que já devi ter feito a muito tempo minha amada mãe. Crescido. – Will com um sorriso no rosto, uma mistura de saudosismo do que estava deixando para trás e de felicidade.

– Não digam nada. – disse o rapaz. – Já é difícil tomar essa decisão, mas saibam que os amo e nunca mês esquecerei de vocês. – e virou-se seguindo Christopher que levava o cavalo pelo cabresto.

Já de costas Will disse ao pai: “ – Podia ser pior!” – não se virou pra ver as lágrimas que desciam num rosto sorridente e orgulhoso de seu pai.

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sábado, 21 de junho de 2008

Valores de Herói (parte 1)


Prólogo


"Eu estava furioso por não ter sapatos; então encontrei um homem que não tinha pés e me dei por muito satisfeito". - Provérbio Chinês

O pai de Will Nimblung sempre foi uma pessoa que via tudo pelo lado bom. E isso o irritava.

Orcs atacavam o seu vilarejo, e ele dizia que deviam agradecer aos deuses por não serem dragões. Sua plantação era destruída por uma nevasca, e ele dizia que poderia ter alguém da família do lado de fora durante a tempestade. Will tinha certeza que eram sinais de que chegou sua hora de ir embora de Olaftown. Sim, esse era o nome de seu vilarejo. Cidade de Olaf, o fundador.

Will já não tinha mais idade para iniciar uma carreira de aventuras. Aventureiros normalmente partem de suas cidades ou iniciam suas carreiras defendendo-as de ataques ainda jovens. No máximo quando atingem a maioridade, deixam as saias da mãe, recebem de seu pai a primeira espada, enchem uma mochila com pão, queijo, vinho e um cobertor, e deixam para trás a porta de casa. Isso acontecia quando tinham entre 15 e 18 anos. Will tinha 25.

Não lutava tão bem. Era forte por causa dos trabalhos na plantação. Arava a terra e plantava o trigo. Depois colhia e moia. Seus braços eram como toras.

Tinha receio de deixar seus pais sozinhos, mas não havia opção. Não agüentava mais aquela vida, e nem a passividade de seu pai. Precisava conhecer outra vida, ter emoções diferentes. As festas de Olaftown não o satisfaziam mais, tinha 25 anos e era solteiro, logo começariam as piadas, e sua família já o pressionava. Mas não tinha culpa. As mulheres da cidade não o agradavam. A mentalidade da cidade não o agradava. Precisava partir. E rápido.

Fazendo as honras

Pra começar gostaria de nos apresentar. Três amigos desde que se conheceram. Tá, não desde que se conheceram, já que minha amizade com o Leonardo começou através de uma briga e um chute na canela (eu que dei o chute, e não me orgulho disso).

Bom, pra quem não me conhece, prazer, Théo. Isso, só Théo. Sou o mais novo dos 3 escritores desse blog. E disso eu tenho orgulho sim! Os outros dois são tiozões! Tenho 23 anos, gosto muito de escrever, principalmente contos. Contos medievais, de ficção científica... De vez em quando a vontade vem e eu escrevo. To esperando aquela inspiração que Tolkien teve, quando corrigindo provas de alunos, pegou uma redação em branco. E nessa página em branco ele escreveu "Em um buraco no chão vivia um hobbit". Nem ele sabe porque escreveu isso, mas a partir daí surgiu "O Hobbit", que foi seguido por "O Senhor dos Anéis" e outras obras desse que é nosso mestre.

O do meio (em idade, depois colocaremos uma foto nossa) é o Leonardo. Ligado. Ligadinho pros íntimos. Gente fina, pessoa de extrema sensibilidade, adora escrever também, não é a toa que faz faculdade de jornalismo. Muito criativo e muito amigo, e atualmente, o fotógrafo da galera!

O mais velho é o dentista. Luciano. Don Juan pros amigos de colégio. Lu pros da faculdade. Pra mim é o Willow! Gente finíssima, um dos melhores desenhistas que eu conheço. Assim como o irmão (sim, ele e o Leonardo são irmãos) fã de mangá e muito criativo também. Daí vem a inspiração deles, e principalmente o traço dos desenhos do Luciano.


Então é assim. Jogávamos RPG todo final de semana. Por motivos profissionais e de distância física, paramos. Mas a amizade não parou, e não vai parar nunca!

Os gostos e opiniões em comum, e principalmente a amizade nos levaram a bolar esse blog. Essa semana eu vou começar um conto, e parar em um ponto. Semana que vem um dos dois vai continuar. Na semana seguinte, o outro continua. Não necessariamente essa continuação vai acontecer num final de semana, pode acontecer no meio. Pelo meio poderemos ter alguns outros posts, por isso o conto continuado terá como título "parte 2", "parte 3" e nenhum leitor se perderá, podendo usar o arquivo de posts para encontrar as partes do conto pelo título.

Esperamos que gostem deste blog tanto quanto vamos gostar de fazê-lo! Obrigado!