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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Valores de Heróis (parte 7)


Capítulo 5 - Más Notícias


O dia dos testes então terminou, com Will e Christopher exaustos. Impossibilitados de comemorar suas façanhas e ainda nervosos com a missão que lhes estava sendo confiada, só conseguiram pensar em suas camas, e foram embora para casa, onde dormiram um sono profundo.
Christopher teve uma noite tranqüila, ao contrário de Will, que teve um pesadelo assustador, onde toda Olaftown gritava seu nome, pedindo pelo herói que foi embora, enquanto o exército de monstros matava todos os homens, devorava as crianças e estuprava as mulheres do vilarejo. Will via tudo isso de fora, sem saber onde estava.
Ao tomar consciência que se o exército de monstros estava em Olaftown era porque a missão não fora bem sucedida, pulou da cama, acordando assustado, enrolado num lençol encharcado de suor. Olhou pela janela, e viu no horizonte uma luz púrpura, indicando que não tardava muito para o amanhecer.
Levantou-se então da cama e foi até a cozinha, beber um copo de água.
Na cozinha encontrou a velha senhora Brenda, que retirava um enorme pão quente do forno à lenha, e punha a mesa para o desjejum dele e de Christopher.
– Bom dia dona Brenda. – disse Will.
Brenda deu um gritinho assustado, quase deixando o pão cair. Olhou então para Will, ainda com o rosto pálido pelo pesadelo.
– Meu rapaz, o que faz de pé a essa hora da manhã? E essa cara péssima? – disse Brenda.
– Tive um pesadelo, nada demais. Mas por precaução, achei melhor não voltar a dormir.
– Tome seu desjejum então, enquanto me conta esse pesadelo. Sabe, antes de ser governanta de Sir Richard – que este descanse em um bom lugar – quase fui curandeira, como minha mãe. Ainda sei elaborar algumas infusões para curar doenças, e sei interpretar sonhos.

Servindo-se de um enorme pedaço de pão, como se comer fosse aliviar sua preocupação, Will começou então a falar:
– O sonho começou com uma visão da minha casa em Olaftown. Eu a via por dentro, e via meu pai assustado, segurando a porta, enquanto minha mãe chorava num canto, encolhida. Então a porta voou pelos ares, e uma nuvem de poeira ofuscou o que acontecia a meu pai.
– A partir daí, tive uma visão de toda Olaftown vista de cima, e vi monstros atacando! Já espantei uma meia dúzia de goblins e kobolds de nossas terras, mas esses eram monstros perigosos, realmente grandes! Muitos eram bugbears, como o que matei com a ajuda de Christopher e Sir Richard, mas havia uma enorme variedade de criaturas.
– Eles destruíam as casas, matavam os homens e velhos. Alguns dos monstros, os maiores, devoravam as crianças, enquanto os bugbears e orcs estupravam as mulheres. E o que mais me assustou, é que toda a vila, mesmo aqueles que me achavam esquisito e não nutriam por mim nenhum sentimento bom, gritava meu nome. Eram gritos de raiva, de dor, de desespero.

– Quando percebi que toda aquela destruição estava ocorrendo em Olaftown, pensei que a missão havia sido malsucedida, e acordei com um pulo, respirando fundo.
– Agora lhe pergunto dona Brenda, o que pode significar esse sonho? Minha terra natal está em perigo por eu ter ido embora? Era a minha presença que mantinha os monstros afastados de Olaftown? – perguntou Will, mordendo um pedaço do pão.
Dona Brenda então, com um sorriso maternal, encarou Will, baixou os olhos e lhe disse:
– Will, não é preciso ser curandeira ou sábia para interpretar seu sonho. As mudanças que estão ocorrendo em sua vida lhe assustam. Você gostaria de ter notícias de sua vila, gostaria de saber o que aconteceria se ficasse por lá. O único significado de seu sonho Will, é que você está nervoso com o que o destino lhe reserva, e com a importância da primeira aventura em que se mete. Quer um conselho de uma velha? Não olhe para frente como quem olha para trás. Não se arrependa das escolhas que fizer. Deixe que a vida o leve adiante, viva intensamente tudo o que lhe acontecer. Os bons momentos serão boas lembranças quando alcançar a minha idade, e os maus momentos lhe servirão de lição. Mas seu sonho me mostrou uma coisa também Will. A piedade, o amor pelo próximo, a necessidade de ajudar os oprimidos. Você tem os intrínsecos valores de herói, e tenho certeza que essa aventura lhe cairá como uma luva.



~~~


Uma hora depois foi a vez de Christopher acordar e descer para tomar seu desjejum. Surpreendeu-se por encontrar Will já de pé, sentado à mesa com dona Brenda, numa conversa bem animada.
– Bom dia Christopher, dormiu bem? – perguntou Will.
– Sim Will, muito obrigado. E sobre o que conversam? – perguntou Christopher com um sorriso.
– Ah, contávamos um ao outro histórias do passado. Dona Brenda se surpreendeu por saber que um rapaz educado como eu possa ter sido um demônio quando criança!
– Hahaha! Que bom que se deram bem! E quanto ao Conselho? Alguém deu notícias?
– Não, até agora ninguém apareceu à porta, Sir Christopher. – disse Brenda com um sorriso orgulhoso.
– Para você sempre Chris, dona Brenda! Não me chame de Sir de novo! – disse Christopher, enquanto sorria para a governanta.
Nesse momento alguém bate à porta. Will se levanta e vai abrir.
– Pode parar por aí Will, aqui sou eu quem abre a porta! – diz Brenda enquanto corre para ultrapassa-lo.
Brenda então abre a porta. É um garoto com um pergaminho enrolado, que estende este para ela. A velha senhora acaricia a cabeça do menino, tira uma moeda de prata e lhe dá. Ele olha para aquilo, com um sorriso enorme já pensando em como poderá gastar, agradece e sai correndo.
– Acho que chegou a mensagem que esperava do Conselho Chris. – diz Brenda, entregando-lhe o pergaminho.
Christopher desenrola a carta, e a lê em voz alta:
“Caros senhores Will Nimblung e Sir Christopher Jasper, o Conselho de Sábios de Brindembur através desta mensagem lhes faz saber que:
1) Em virtude da longa viagem que farão;
2) Da importância desta para a existência das Cidades Signatárias do Tratado de Vontermont;
3) E da tão recente consagração do senhor Christopher em Cavaleiro Protetor de Brindembur,

O Conselho decidiu que seguirão viagem para a Cidadela de Turin daqui uma semana, para que não haja erros nos preparativos e para que os senhores sejam melhor treinados pela Ordem dos Sete Relâmpagos.
Atenciosamente,

Sábio-Mestre Trentin”
– Ganhamos uma semana de treinamento Will. E com os melhores professores de todo o Tratado! – diz Christopher empolgado.


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A semana de treinamento foi intensa. Os empregados do Conselho de Sábios numa correria enorme organizando a caravana, enquanto Will e Christopher eram treinados e se entrosavam com seus companheiros de viagem, ninguém mais ninguém menos que Os Sete Relâmpagos e a filha de Lorde Lerondin.
No quarto dia dos preparativos, um mensageiro do Regente chega à cidade, entra no prédio do Conselho de Sábios, e não sai mais. No fim da tarde, Chris, Will, Dibrille e cada um dos Sete Relâmpagos recebem uma carta de convocação para uma urgente reunião do Conselho de Sábios na manhã do dia seguinte. Essa convocação a apenas 2 dias da partida deixa os dez novos amigos apreensivos.


~~~


Amanhece o quinto dia antes da partida. Com os primeiros raios de sol, os dez já se encontram na porta do prédio do Conselho. Ninguém fala nada, preferindo não especular sobre o motivo de tão repentina convocação. Quando o sol se encontra completo no céu, as portas do Conselho se abrem, e eles entram.
No centro do salão estão dez cadeiras, uma ao lado da outra. Ao redor das dez cadeiras, encontram-se os Sábios em seus lugares no plenário. Os dez companheiros se sentam com a permissão do Sábio-Mestre.
– Bom dia a todos, e desculpem por tê-los tirado da cama tão cedo, mas as notícias que o mensageiro de Vontermont nos trouxe não são nada agradáveis, e precisamos discutir com vocês, os maiores interessados sobre as mesmas. – disse o Sábio-Mestre.
– Arauto, por favor, leia o conteúdo da mensagem. – ordenou um dos sábios.
“Sua Excelência, o Regente do Tratado de Vontermont Sir Adrian Brightstart, envia ao Conselho de Sábios de Brindembur a seguinte Resolução:
Diante da perigosa situação em que se encontra o Tratado de Vontermont, e da iminente ameaça de guerra, eu, Sir Adrian Brightstart, pelos poderes a mim inerentes como Regente do Tratado de Vontermont, convoco o Conselho de Sábios-Mestres em caráter emergencial, bem como convoco também todas as Ordens de Cavalaria para que se apresentem em Vontermont o mais rápido possível para unir-se às fileiras do Exército Real.
Informo ainda que recebi do atual Regente de Kandahar, o Dragão-Negro Fastrionur, uma oferta de rendição. Após negociações de nossos diplomadas com o Regente, este nos deu 3 semanas para nos render ao poder dos monstros, ou seu exército marchará saindo de Kandahar para atacar Vontermont.
Essa Resolução deve ser cumprida em até três dias após o recebimento do mensageiro.
Sua Excelência, o Regente”.
Os dez companheiros começaram a se entreolhar. Sabiam bem o significado de tal mensagem. O Sábio-Mestre então começou a falar:
– Infelizmente vejo que entenderam a determinação do Regente. Sim, Os Sete Relâmpagos devem partir para Vontermont, assim como eu. Nosso Regente está aflito com a situação do Tratado, e quer toda a ajuda possível, tanto bélica quanto intelectual.
– Entretanto, não posso enviar para uma missão desta importância, ainda que seja secreta aos olhos do Regente, apenas os três jovens que se encontram a minha frente. – dizendo isso, o Sábio-Mestre sorriu para Will, Chris e Dibrille.
– Os Sete Relâmpagos serão divididos, e gostaria de suas opiniões para saber quais seriam as melhores formações.
Ao ouvir isso, os Sete Relâmpagos se levantaram, falando alto, discutindo com o Conselho de Sábios. Nunca na história da Ordem dos Relâmpagos houve a necessidade de dividir seus membros em duas frentes de combate, e todos eles querem ir para Turin ajudar na busca pela Espada de Vaist.
– Calma meus amigos, sei da gravidade desta situação. Sei que o que decidi é arriscado, mas é a única chance que temos. Já sei que quando chegar a Vontermont corro o risco de ser expulso do Conselho de Sábios-Mestres por não acatar completamente uma ordem do Regente, ao não levar à Capital a maior ordem de cavalaria do Tratado em sua plenitude.

– Tentarei expor a nossa situação ao Regente, esperando que ele entenda a impossibilidade de enviar todos os sete para a Capital. Entretanto, todos sabemos que Sir Adrian Brightstart ama o poder, portanto se eu contar a ele sobre a Espada e a profecia, ele a requisitará como forma de ser aclamado pelo povo e tornado herói, para pôr fim aos conclaves de Sábios-Mestres que escolhem os Regentes a cada dois anos e se tornar Rei.
– Pensem comigo. Não há perigo maior em Brindembur do que há em Vontermont. Qual motivo eu teria para dizer a ele que Os Sete Relâmpagos ficaram em Brindembur ao invés de ir servir a seu Regente?
– A única idéia palpável é a de que alguns monstros errantes se encorajaram sabendo do exército e estão atacando as cidades, como ocorreu em Olaftown. Por tal motivo, poderia deixar dois ou quem sabe três Relâmpagos para trás, quando todos nós sabemos que eles estariam com Will, Sir Christopher e Dibrille em busca da Espada de Vaist.
– Essa foi a única solução que me ocorreu desde a chegada desta Resolução. Estou aberto a novas sugestões.

O salão foi então tomado por um silêncio sepulcral. Os Sete Relâmpagos se entreolhavam, cabisbaixos, pois sabiam que a única chance que tinham era a idéia de sábio-mestre.
– Como vêem, não temos outra alternativa. E isto nos leva ao segundo motivo pelo qual os chamei aqui. Precisamos decidir quais dos sete irão comigo para Vontermont e quais seguirão viagem com os três. A única exigência que faço quanto a isso é que Vengard venha comigo, pois como líder dos sete, nada mais lógico que se apresente na Capital.
– Sim, Sua Sapiência, irei para a Capital. E, se me permite opinar, acho que tenho o grupo perfeito para a viagem de Sir Christopher. Vejamos, Will e Sir Christopher são dois homens de armas. Dibrille, uma maga. Lhes falta um clérigo para curar os ferimentos de batalha, pois as Ruínas de Selyn ficam nas Terras Bárbaras, e o combate é certo para eles. Urig, você vai com eles.
– Além disso, precisarão sempre de alguém à sua frente, vigiando o caminho que estarão seguindo para saber os perigos que os aguardam com antecedência, assim, um batedor também lhes será útil. Cecil, você também os acompanhará.
– E por último, temos sim dois homens de armas, mas ainda inexperientes em combate real. São bons, sem dúvida, mas não tiveram muitas oportunidades de participar de lutas de verdade, por isso acho que um guerreiro experiente ajudaria muito. Thogar, vá também com eles. - disse apontando para o anão.
– Acho que este seria o grupo ideal Sua Sapiência, mas sinta-se à vontade para modifica-lo. – disse Vengard.
– Não me oponho, você entende muito mais de combates do que eu Vengard, e sua seleção faz todo o sentido. Então ficamos assim. Will, Sir Christopher, Dibrille, Cecil, Urig e Thogar. Vocês irão até Turin com a caravana. De Turin em diantes, estarão sozinhos até as Ruínas de Selyn.

– E neste ponto, acho que cabe uma explicação histórica. As Ruínas de Selyn são as ruínas da antiga Capital de nosso Reino. Sim, Vontermont era a Capital há muitos anos atrás, mas antes dos Regentes, tivemos um rei louco. E este rei, num acesso megalomaníaco, resolveu ampliar o reino de forma a se tornar imperador, e transferiu a Capital do reino de Vontermont para o meio das Terras Bárbaras. Lá, ele construiu Selyn.
– Desnecessário dizer que apesar dos bárbaros serem inúmeras tribos independentes, para expulsar o mal comum eles se uniram. E destruíram Selyn. Por esse motivo, Turin, antes uma pequena cidade, cresceu, e construiu em torno de si uma muralha. Precisavam de segurança para os refugiados de Selyn que chegavam a cada dia. Hoje Turin vive praticamente isolada do resto das cidades do Tratado, sendo o último porto seguro antes das Terras Bárbaras.

– O Conselho de Sábios-Mestres e os Conselhos de Sábios de cada cidade já existiam nessa época, e os Sábios decidiram que não haveria mais um Rei, para evitar esse tipo de problema no futuro. O Reino alcançava ainda algumas cidades no oeste, mas estas, sem a influência de um Rei, resolveram declarar independência, e hoje não sabemos o que aconteceu a elas. Porém, os sábios das cidades que hoje vocês conhecem, resolveram assinar um Tratado. O Tratado de Vontermont. Por esse tratado, Brindembur, Kandahar, Turin e Vontermont seriam cidades-estados, cada uma com seu Conselho de Sábios que as governaria. Os Sábios-Mestres de cada um desses conselhos formariam o Conselho de Sábios-Mestres, que escolheriam a cada dois anos o novo Regente, entre os cidadãos de bem e destaque das cidades do tratado, e seriam convocados duas vezes por ano para a Capital, onde analisariam o trabalho do Regente, e poderiam também ser convocados em situações de emergência para auxiliar o Regente em suas decisões. Acho que isso já lhes basta para entender porque a Espada de Vaist está nas Ruínas. Ela fazia parte do tesouro real.
– Turin fica a 200km daqui aproximadamente. Mas a viagem durará mais do que o esperado, porque como forma de dificultar um eventual exército bárbaro que queira atacar as cidades do Tratado, nunca foram construídas estradas ligando Turin a qualquer outra cidade, excetuando-se, lógico, as vilas que a abastecem. Daqui a Turin temos pouco mais que uma trilha marcada pela movimentação de uns poucos mercadores.
– Enfim, era isso que tínhamos para tratar com vocês. Peço desculpas pelas más notícias, mas todo trabalho contra o mal requer grandes sacrifícios. Espero que este seja o único que tenhamos que fazer. Agora, voltem para o que vocês têm a fazer. Continuem os treinamentos. Darei ordens para que os preparativos sejam reorganizados de maneira a levar menos pessoas na caravana. Façamos nosso trabalho crianças, porque com o prazo dado pelo dragão-negro, estamos agora correndo contra o tempo. – disse o Sábio-Mestre, com a voz emocionada diante dos problemas.



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3 comentários:

Carina_ disse...

Eu sei que deve ta repetitivo esse tipo de comentario...mas puts...ta mto bom! Li tudo de uma vez só e ainda to com vontade de ler...fiquei com pena por ter acabadoo...doida pra saber o desenrolar da historia! e eh incrivel como vcs conseguiram armar uma trama que ainda tem mta coisa pra desenrolar...parabens...parabens msm \o

e ve se postem logo *_*
mto curiosa pra saber oq vai acontecer com os vilarejos e com os guerreiros,sabios,monstros,vilarejos,reinos...enfim,postem mais logo xD

=**

Luciano PR disse...

*.* Yehhhhh
Que bom que estão gostando!!! Tá dando trabalho, mas é muito divertido, e quando tem gente comentando ainda dá mais vontade ^__^

Então eu estou encarregado do próximo post, então vou dar meu melhor!!

@_@

V. disse...

\o/

Parabéns de novo!!!

bjos